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Parashá

Parashat Ki Tavô – 1º ano do ciclo trienal: Dt 26:1-27:10.

A Parashat Ki Tavô, que significa “quando você vier” em hebraico, abrange o texto de Deuteronômio 26:1 até 27:10 no 1º ano do ciclo trienal de leitura da Torá. Aqui lemos sobre a oferta da primeira colheita, o dízimo, a consagração de Israel como povo do Deus Eterno e o altar no monte Ebal com suas pedras erigidas.

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Sugestões de leituras diárias para a Parashat Ki Tavô.

Obra recomendada para leitura e estudo das porções semanais: Torá: a lei de Moisés, por Meir Matzliah Melamed.

A oferta da primeira colheita.

Deuteronômio 26 abre dizendo que, depois de entrarem na terra prometida, os israelitas deveriam levar a primeira parte das colheitas que a terra produzisse. Eles deveriam levar esses frutos até o lugar escolhido por Deus para Sua habitação, que é Jerusalém. Os frutos seriam apresentados ao sacerdote e uma declaração seria feita (vide vs. 1-3).

Os vs. 4-10 registram um tipo de oração/reza/declaração litúrgica que o ofertante deveria fazer perante Deus, que descrevia um pouco da história do povo israelita. Isso é ótimo para despertar a memória do duro passado de escravidão do povo e instigar cada um a ser grato para com o Todo Poderoso, que os livrou de tal situação.

Quando nos recordamos de nossos sofrimentos passados podemos sentir dor, mas se fomos hoje libertos por obra divina, não podemos deixar de ser agradecidos e dedicar o melhor de nossos bens e nossa vida a Deus, agradecendo-o com nossas palavras.

O trecho finaliza ordenando que, em forma de gratidão a Deus, uma festa deveria ser realizada e todos deveriam se alegrar pelos feitos do SENHOR (v. 11).

O dízimo dado aos pobres.

Além de dedicarem os primeiros frutos das colheitas de sua terra para Deus, Deuteronômio 26 também nos informa que, num ciclo trienal, os israelitas deveriam separar um décimo (dízimo) da colheita e armazenar nas cidades. Estes frutos seriam doados aos pobres, como órfãos, viúvas e estrangeiros, que habitassem na terra de Israel (bem como os levitas); vide Dt 26:12 (também em 14:28-29).

Talvez isso possa soar estranho aos olhos de muitas pessoas, que estão acostumadas a verem o dinheiro de seus dízimos sendo utilizados para assalariar líderes religiosos, construir e manter templos. No entanto, as Escrituras esclarecem que uma parte dos dízimos também eram usados para dar alimento aos pobres. Se quiser mais detalhes acerca da história do dízimo, você pode conferir o estudo “O Dízimo Bíblico e o Dízimo Medieval“, no Blog Bíblia se Ensina.

Os vs. 13-15 deste trecho descrevem a reza/oração litúrgica que o israelita deveria recitar para o Eterno depois de ter dado o décimo de sua colheita. Com as palavras dessa prece litúrgica percebemos que o dízimo faz parte de uma aliança entre Deus e os israelitas somente, e que cada um deles deveria cumprir tal aliança. Portanto, ninguém pode coagir o outro a dar dízimos de seu dinheiro, nem adulterar o destino para o qual os dízimos devem ser usados, destinos estes esclarecidos nas Escrituras.

Naturalmente, alguém que não é israelita pode também doar um décimo de seus bens para o serviço divino ou sustento dos pobres voluntariamente, mas deve ser tudo conforme ordena a Lei do SANTO.

O povo consagrado a Deus.

O v. 16 de Deuteronômio 26 abre dizendo que Israel havia sido escolhido como povo consagrado a Deus, e que por isso eles deveriam obedecer Seus mandamentos, dessa forma honrando a aliança que eles tinham com Ele.

O texto diz ainda que Israel é o povo de Deus e o tesouro pessoal Dele, e que a obediência deste povo aos mandamentos e à aliança divina o tornaria superior a todas as outras nações da terra (vs. 18-19).

Isso é interessante porque o que pode descrever alguém como sendo o povo de Deus é a obediência aos seus mandamentos. Logo, se alguém não obedecer às ordenanças divinas, se fica inventando justificativas para não obedecer determinados mandamentos, então que direito tem de se dizer povo de Deus? Pois o que identifica alguém como povo Dele, como dissemos, é a obediência!

O altar no monte Ebal.

Ainda em vida, Moisés ordena ao povo israelita que, quando atravessassem o rio Jordão para herdarem a terra de Canaan, que Deus lhes daria, deveriam erguer pedras grandes e pintá-las com cal. Eles deveriam escrever nelas todas as palavras da Torá (Lei). Tais pedras deveriam ser colocadas no monte Ebal (Dt 27:1-4).

Esse monte, atualmente, localiza-se próximo da cidade de Nablus. A montanha é um dos picos mais altos da Cisjordânia, a 940 m de altitude, 59 m mais alto que o monte Gerizim, sendo separado deste por um vale. Na base deste monte existem diversos túmulos arqueológicos, e várias cavernas. Há quem diga que o corpo de Enoque, primeiro filho de Caim, foi enterrado lá (Gn 4:17).

Monte Ebal
Vista sudeste do Monte Ebal, perto de Nablus

Além do mais, as pedras usadas para construir o altar nunca deveriam ter sido trabalhas com ferramentas de ferro (vs. 4-5). Ou seja, elas deveriam ficar da forma que foram encontradas na natureza (talvez para não dar nenhuma forma de ídolo à pedra).

Sacrifícios queimados seriam oferecidos no altar, e sacrifícios de comunhão, que deveriam ser comidos ali no mesmo lugar (vs. 6-7).

O texto finaliza afirmando que a Lei de Deus, ensinada aos israelitas por meio de Moisés, deveria ser escrita de modo claro naquelas pedras, para que pudessem ser lidas facilmente.

O quanto temos valorizado a leitura da Lei de Deus? E quando digo leitura da Lei, me refiro justamente à Torá, os cinco primeiros livros da Bíblia; pois a Torá é o esqueleto e o coração de toda a Bíblia. Pode um corpo andar sem um esqueleto? Pode o sangue ser bombeado para todo o corpo sem um coração? Sobre a Torá falaram todos os profetas que vieram depois de Moisés. Por causa da desobediência à ela, o povo israelita antigo sofreu duras provas e foi retirado de sua terra. Também dissertaram sobre ela os discípulos do mestre nazareno, Yeshua, ressaltando o valor didático e profético das palavras divinas.

Por Gabriel Filgueiras

Nascido em fevereiro de 1989, natural de Magé, RJ. Formado em teologia pela Faculdade da 2ª Igreja Batista de Rio das Ostras (RJ); estudante da Bíblia em seu contexto original judaico com a Comunidade Judaica Netzarim do Pará, sob orientação do professor de Torá e rosh (líder de comunidade) Yoná Sibekhay. Sou um monoteísta gentio em busca do conhecimento do Sagrado e Divino através das Sagradas Escrituras, a Bíblia Sagrada. Para mais informações, visite a página "Sobre" no Blog bibliaseensina.com.br.

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