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Parashat Nitzavim-Vayelech – 1º ano do ciclo trienal: Dt 29:9-30:14

No 1º ano do ciclo trienal de Leitura das Porções semanais da Torá, Parashat Nitzavim abrange o texto de Deuteronômio (Devarim) 29:9 até 30:14. Aqui lemos Moisés chamando o povo israelita ao compromisso para com a aliança divina, os recorda como viveram de modo escravo no Egito antigo e foram libertos, adverte contra a idolatria, e por fim diz como viveriam se desprezassem os mandamentos do seu Deus.

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O Compromisso com a Aliança Divina.

Depois de dar um histórico da trajetória do povo de Israel pelo deserto desde a saída do Egito, em Deuteronômio 23, a partir do v. 9, Moisés chama atenção do povo para obediência à aliança que Deus fez com eles.

Ele afirma que estavam presentes ouvindo as palavras daquela aliança tanto os líderes de Israel, quanto às mulheres e crianças, e até os imigrantes que viviam entre eles, muitos dos quais haviam vindo do Egito quando o povo saiu de lá (cf. vs. 9-12).

Isso nos ensina que o comprometimento para com a aliança divina e consequentemente a obediência aos mandamentos de Deus, é dever de cada indivíduo em particular, e não só dos líderes e chefes do povo. Não podemos, portanto, ficar só aguardando que nossos líderes tomem iniciativas de seguir a Deus e suas ordenanças. De fato, eles devem ser os principais; no entanto, cada indivíduo deve buscar esse compromisso em si.

A obediência à aliança divina é que, de fato, tornaria aquelas pessoas o povo de Deus. Portanto, não basta só ter uma ascendência israelita, isto é, ser um descendente sanguíneo dos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó, mas deve-se também honrar as palavras divinas, obedecendo-as. Além do mais, até os estrangeiros que estavam presentes se tornariam povo de Deus, se tão somente se comprometessem em seguir o Altíssimo. A aliança seria estendida ainda aos descendentes israelitas que ainda nasceriam, mostrando seu caráter perpétuo (veja vs. 13-15).

Isso nos ensina que, além de honrarmos a aliança divina conosco agora, em vida, podemos transmitir isso aos nossos descendentes, filhos e netos, instigando neles o temor a Deus e a obediência à Sua santa palavra.

A Abominação à Idolatria.

A partir do versículo 16 de Deuteronômio 29, Moisés começa a recordar os israelitas acerca dos ídolos, os deuses falsos, que eles viram nas terras egípcias, no passado.

Moisés afirma que aqueles eram meros ídolos feitos de madeira, pedra, ouro ou prata, obras das mãos humanas, e portanto fúteis. Os israelitas deveriam, portanto, tomar cuidado para que, depois, não fossem seduzidos pelas crenças e costumes instigados pelas estórias de tais divindades.

Voltar-se para tais falsos deuses e seus costumes perversos, seria o mesmo que produzir dentro de si uma raiz amarga e venenosa, que certamente contaminaria outros também, tornando-os pessoas de costumes perversos; e foi o que aconteceu em certos momentos da história israelita, como vemos em 2Cr 28:1-3.

Os discípulos do mestre Yeshua também se inspiraram em Moisés para falar acerca da raiz de amargura, responsável por afastar as pessoas do Deus vivo, vide Hebreus 12:15. Ou seja, a raiz de amargura é o afastar-se do único Deus verdadeiro, o Deus de Israel, voltar-se para deuses falsos, corromper seus costumes e ainda contaminar outros. Escrevemos um estudo sobre isso no Blog Bíblia se Ensina, confira.

A Soberba Gera Ruína para Outros também.

Depois de advertir o povo contra a idolatria, Moisés continua dizendo ao povo que se alguém se tornasse soberbo e com isso se volta-se contra os princípios divinos, não só esta pessoa sofreria as maldições da obstinação e desobediência, porém outras pessoas seriam prejudicadas também (Dt 29:19-21).

Ainda que Deus castigasse aquele indivíduo em si, outras pessoas poderiam ser afetadas por seus erros.

Isso nos ensina que nossa vida não é só nossa. Não podemos tomar decisões orgulhosas e egoístas, imaginando que nossas escolhas e atitudes ruins não trarão sobre nós consequências más. Antes de tomarmos decisões e atitudes, também precisamos pensar se o que faremos prejudicará a outros.

Os vs. 22-28 descrevem como que Deus entregaria a terra dos israelitas à destruição, ruína e vergonha diante de todos, caso eles desprezassem a aliança divina e se voltassem a deuses falsos, sendo assim ingratos para com o Soberano que os libertou.

Por fim, no v. 29, o último deste capítulo de Deuteronômio, lemos que haviam coisas ocultas que pertenciam só ao conhecimento de Deus. É claro que Moisés está se referindo àquelas pessoas que pecarem escondido dos outros. Por isso ele estava dando aquela palavra, para que todos a obedecessem e assim não sofressem as maldições da desobediência.

Retornando para Deus

De uma forma profética, Moisés diz que a consequência da desobediência do povo de Israel à aliança divina seria sua própria ruína. Eles seriam dispersados entre as nações e perderiam a posse de sua boa terra. No entanto, se de onde estivessem se arrependessem, se voltassem de seus pecados e procurassem pelo Eterno novamente, ele os restabeleceria em seu lugar. Os israelitas retornariam para sua terra, mas primeiro teriam que retornar seu coração para Deus!

Em resposta ao retorno voluntário de Seu povo, Deus lhes daria um bom coração para amá-lo e praticar suas santas palavras. Veja Deuteronômio 30:1-6.

Neste trecho bíblico, Moisés revela que a aliança da circuncisão, feita na carne do ser humano, é só um símbolo da aliança que na verdade ele deveria carregar em seu coração, demonstrando isso através da prática dos mandamentos de seu Deus.

Moisés revela ainda que, mediante o retorno do povo, Deus enviaria maldições contra seus inimigos, a fim de que estes os libertassem. Os vs. 7-10 de Deuteronômio 30 ainda mostram o caráter abençoador dos mandamentos divinos. Este trecho mostra que Deus nos deu seus mandamentos porque quer que vivamos bem e sejamos prósperos, e a felicidade completa seria o resultado da obediência à palavra divina.

Os vs. 11-14 revelam o caráter claro e entendível dos mandamentos divinos. Moisés alega que tais palavras não estavam distantes do povo para que criassem desculpas de não obedecê-los. Na verdade, a palavra santa estava muito perto, na boca e no coração do povo. Isso nos adverte acerca da importância de lermos com frequência a palavra divina e guardá-la em nossa memória a fim de fazer o que é agradável a Deus, como disse o salmista: Guardo sua palavra no coração para não pecar contra ti. (Salmo 119:11)

Por fim, estas palavras de Moisés são recitadas na carta que Saul de Tarso (Paulo) escreveu aos romanos, como uma motivação à obediência a Deus; veja cap. 10:1-8.


Obra sugerida para leitura da Lei do Eterno e conhecimento das porções:

Torá: a lei de Moisés, por Meir Matzliah Melamed.

Sugestões de leituras diárias para a Parashat Nitzavim:

Obra sugerida para mais aprendizado das porções semanais da Torá:

Ecos do Sinai, por Berel Wein, Editora Sêfer.

Por Gabriel Filgueiras

Nascido em fevereiro de 1989, natural de Magé, RJ. Formado em teologia pela Faculdade da 2ª Igreja Batista de Rio das Ostras (RJ); estudante da Bíblia em seu contexto original judaico com a Comunidade Judaica Netzarim do Pará, sob orientação do professor de Torá e rosh (líder de comunidade) Yoná Sibekhay. Sou um monoteísta gentio em busca do conhecimento do Sagrado e Divino através das Sagradas Escrituras, a Bíblia Sagrada. Para mais informações, visite a página "Sobre" no Blog bibliaseensina.com.br.

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