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Resumo da Parashá Ha’Azinu (Deuteronômio 32:1-52)

A Parashá Ha’Azinu é a 53ª porção semanal da Torá no ciclo judaico anual de leitura. Em Ha’azinu, que significa “Ouça”, Moisés recita um poema louvando a Deus e criticando os pecados dos israelitas. Ele descreve os infortúnios que eles enfrentarão e os danos que Deus acabará por causar em seus opressores. A porção termina quando Deus ordena a Moisés que suba o Monte Nebo, onde ele deve morrer.

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O Cântico de Moisés.

Deuteronômio 32 registra o cântico que Moisés escreve no final de sua vida. Este seria usado como futura testemunha de como os israelitas violariam a aliança de Deus com eles.

Na primeira parte (vs. 1-2), Moisés chama atenção do povo e menciona como este ensino deveria preencher a terra, ou seja, alcançar toda a nação israelita. Aqui o cântico é chamado de ensino, no hebraico לקח (leqach). Dessa forma vemos que a música tem poder didático e instrutivo. Quão bom seria compor músicas baseadas nos verdadeiros ensinamentos de Deus, como os vs. 3 e 4 desse cântico expressam, e não nos sentimentalismos humanos.

Os vs. 5-6 relatam a infidelidade e ingratidão dos israelitas do tempo de Moisés, mas serviu perfeitamente (e infelizmente) para a geração que veio depois dele, especialmente dos tempos dos reis.

Os vs. 7-14 relembram como Israel é a nação escolhida por Deus, na verdade foi o próprio Deus que fez de Israel uma nação. Este trecho destaca ainda como que Ele cuidou deles durante sua peregrinação no deserto até que herdassem sua terra prometida. O texto segue então falando da infidelidade que eles praticaram para com Deus depois de terem entrado naquela terra (cf. vs. 15-18).

O texto segue dizendo que, ao ver a infidelidade constante de seu povo, Deus o abandona para que seja disciplinado. As calamidades que o assolaram foram realmente muitas devido a consequência deles terem trocado o Todo Poderoso por deuses falsos. Porém mesmo assim, nos vs. 26-27, o Eterno afirma que não os destruiria completamente, para que os inimigos de Israel não se gabassem achando que foi por sua própria força que eles venceram.

Isso tudo nos ensina o compromisso que devemos ter no andar com Deus, prestar atenção em seus mandamentos e praticá-los, e amar o nosso Criador com temor e sinceridade. Mas se o deixarmos, Ele nos deixará, mesmo que por um tempo para nos disciplinar, porque, se assim podemos dizer, Deus tem compromisso com quem tem compromisso com Ele!

As cidades de Sodoma e Gomorra são mencionadas no v. 32, colocando as nações inimigas de Israel em comparação a elas. Provavelmente porque os maus atos daqueles cidadãos traziam destruição sobre si mesmos.

Na sequência do texto, dos vs. 31-42, Deus afirma que traria juízo sobre os inimigos de Israel, aquelas nações que se orgulhavam de seus deuses, e com isso Ele mostraria que não há outro Deus se não Ele somente!

Nos chama atenção o profeta Isaías que, centenas de anos depois, já vivia esses tempos de abandono da fidelidade profetizados no cântico de Moisés, usa palavras parecidas com as recitadas no v. 39, vide Is 43:12-13 (cf. 1 Sm 2:6; Jó 5:18).

O cântico é concluído no v. 43 com um convite para todas as nações se juntarem a Israel e louvarem a Deus, que vingará os que feriram seu povo.

Moisés no monte Nebo.

A partir do v. 44 de Deuteronômio 32 começarão a ser relatados os momentos finais da vida de Moisés. Aqui, dos vs. 44-47, o profeta lê diante do povo israelita o cântico que acabara de escrever. Ele acrescenta que eles deveriam praticar os mandamentos do Eterno, que estes mandamentos não eram sem importância para eles, pois por meio da obediência que eles viveriam muito tempo naquela terra e seriam abençoados.

Dos vs. 38-42, finalmente, Deus ordena que Moisés suba no monte Nebo e visualize toda a terra que dali para frente Ele faria os israelitas entrarem. Ele só veria a terra, mas não entraria nela, pois não honraram a santidade de Deus quanto tiveram uma contenda com o povo no deserto de Zim.

Livro recomendado para aprender mais das porções semanais da Torá:

Ecos do Sinai, Comentários e análises sobre as porções semanais da Torá, por Berel Wein, Editora Sêfer.

Sugestões de leituras diárias da Parashá Ha’Azinu:

  • 2ª Feira: Deuteronômio 32:1-35. Primeira parte do cântico que Moisés ensinou a Israel: a futura infidelidade do povo e sua punição.
  • 3ª Feira (porções dos profetas): Oséias 14:2-10, Joel 2:15-17, Miqueias 7:18-20 ou 2º Livro das Crônicas de Davi (2Sm) 22:1,19-31.
  • 4ª Feira (Ketuvim Netzarim/Os Escritos Nazarenos): Romanos 2:17-24 ou 2ª Coríntios 6:11-18. Este último texto menciona que não pode haver comunhão entre o Criador e os ídolos, que abandonar Ele por eles é uma traição, da mesma forma que Moisés afirma em seu cântico, nos vs. 15-18 de Deut. 32.
  • 5ª Feira: Deuteronômio 32:36-52. O fim do cântico de Moisés. Deus se vinga dos inimigos de Israel; depois ordena a Moisés subir no monte Nebo e visualizar a terra prometida.
  • 6ª Feira: Estudo Bíblico para o Shabat (em construção).
  • Sábado: Os primeiros discípulos estrangeiros de Yeshua, que na verdade foram doutrinados pelos emissários (apóstolos) dele, também aprendiam a Torá através das Porções semanais. Basta ver com atenção o texto de Atos 15, mais especificamente o v. 21.
    A questão tratada neste capítulo é como que os discípulos estrangeiros (gentios) que estavam crescendo em número, principalmente na cidade de Antioquia da Síria, seriam tratados: deveriam eles se circuncidar de imediato ao entrarem na comunidade ou não? A decisão final foi que não. Porém, poucos se perguntam por que é dito no versículo em questão (21) que Moisés é lido todo shabat nas sinagogas desde gerações antigas. Mas, um olhar com atenção para o texto e os fatos vai explicar porque Jacó (erroneamente chamado Tiago) diz isso.
    É que, se a decisão final foi para não impor a esses discípulos a circuncisão e outros costumes da Torá, pois Moisés estava sendo lido todo shabat (sábado) nas sinagogas, é porque era nelas, e neste dia, que estes discípulos estavam aprendendo as Escrituras com o povo de Israel. Eles estavam se educando aos poucos, e no momento certo agregariam a obediência a mais mandamentos em sua conduta.
    No entanto, depois da destruição do templo de Jerusalém no ano 70 EC, e a consequente dispersão judaica pelo mundo com as perseguições subsequentes, um novo grupo de liderança religiosa se levantou. Este, por sua vez, promoveu a separação de judeus e gentios e desmereceu o povo israelita, bem como as tradições que eles receberam de Deus na Torá, diferentemente do que os discípulos do Messias fizeram, vide At 24:14, 28:17. Rm 11:16-18, Ef 2:11-14. Um relato de Inácio de Antioquia (36-107) em sua carta aos cidadãos magnésios, por exemplo, mostrará quem foi esse grupo que promoveu tal desvio (vide caps. 8-10).
    Mas se os discípulos estrangeiros se uniam ao povo escolhido no princípio, por que então não voltarmos a este modelo original de estudo e aprendizagem das Escrituras?

Por Gabriel Filgueiras

Nascido em fevereiro de 1989, natural de Magé, RJ. Formado em teologia pela Faculdade da 2ª Igreja Batista de Rio das Ostras (RJ); estudante da Bíblia em seu contexto original judaico com a Comunidade Judaica Netzarim do Pará, sob orientação do professor de Torá e rosh (líder de comunidade) Yoná Sibekhay. Sou um monoteísta gentio em busca do conhecimento do Sagrado e Divino através das Sagradas Escrituras, a Bíblia Sagrada. Para mais informações, visite a página "Sobre" no Blog bibliaseensina.com.br.

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