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Resumo da Parashá Vayelech (Deuteronômio 31:1-30)

A Parashá Vayelech é a 52ª porção semanal da Torá no ciclo judaico anual de leitura. Vayelech, que significa “Ele foi” no hebraico, começa quando Moisés diz aos israelitas que ele não os conduzirá à terra prometida, e que Josué assumirá o controle. Ele instrui os israelitas a se reunirem e lerem a Torá publicamente a cada sete anos. Por ordem de Deus, Moisés escreve um poema testemunhando a aliança Dele com os israelitas. Essa porção envolve todo o capítulo 31 de Deuteronômio.

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O Líder que introduz Israel na terra prometida.

A Porção (Parashá) Vayelech abre com o discurso de Moisés de que ele já estava velho e não entraria na terra prometida com o povo de Deus. Ele mesmo declara que já tinha 120 anos de idade.

Isso talvez pudesse entristecer o povo: eles não teriam mais o líder que os libertou para estar à sua frente. Porém Moisés afirma que o próprio Deus estaria à frente deles e seria seu líder. Josué, filho de Nun, o servidor de Moisés, é que seria orientado por Deus para introduzir o povo naquela terra (Deut. 30:1-2).

Um fato curioso aqui, que vale a pena ressaltar, é que em Moisés se cumpre a palavra que Deus disse em Gênesis 6:3, de que o homem viveria até no máximo 120 anos. Desde aquela época, cerca de 715 anos antes de Moisés, o tempo de vida do ser humano diminuiu gradativamente, até que Moisés foi o que viveu até a idade máxima determinada por Deus.

Dos vs. 4-6 de Deuteronômio 31, o líder israelita encoraja o povo a não terem medo dos desafios que estavam por vir na empreitada para conquistar a terra de Canaã, pois o próprio Deus destruiria aquelas nações perante eles. Moisés afirma aqui que o Eterno jamais se apartaria deles, o que é mencionado também em outros relatos bíblicos, veja Is 41:10-13, 1º Cr 28:20 e Hb 13:5.

Nos vs. 7-8 Moisés anima Josué para que tivesse coragem de introduzir o povo na terra de Canaã e reparti-la entre eles.

Isso nos ensina que, se fizermos a vontade de Deus, Ele nos levará a grandes conquistas; se seguirmos Suas orientações e ordenanças, teremos para sempre a companhia Dele conosco!

A preservação das leis divinas.

Muito se questiona acerca de como a Bíblia Sagrada foi preservada ao longo de tantos anos. Mas a resposta pode ser tanto simples quanto longa e complexa. O texto de Deuteronômio 31:9 nos mostra que Moisés deu tudo que tinha escrito da Lei de Deus aos sacerdotes levitas, eles preservariam essas palavras e as renovariam para todo o povo. Moisés também já havia orientado antes que os futuros reis de Israel fizessem cópias dessa Lei, que estaria com os sacerdotes e levitas (Dt 17:18). Assim, basicamente, tanto a Torá quanto os escritos dos profetas e toda a história do povo israelita foi sendo preservada ao longo dos séculos.

(Leia o estudo sobre Os Manuscritos do Mar Morto no Blog Bíblia se Ensina para mais detalhes acerca da preservação da Bíblia).

O texto de Deuteronômio 31 segue explicando que a Lei deveria ser lida publicamente de sete em sete anos, no ano do perdão/remissão, durante a festa das tendas (v. 10). O mais interessante desse trecho é que todo o povo deveria estar envolvido na leitura e no ouvir das Escrituras, inclusive as crianças que ainda não tinham conhecimento. Isso destaca para nós como é importante o ensino das Escrituras para elas, ou seja, os adultos devem investir no ensino infantil! (vs. 11-13)

A transmissão de legado.

Agora, a partir do v. 14 de Deuteronômio 31, o próprio Deus encarrega Moisés trazer Josué perante Ele para falar do futuro de Seu povo. Mas as notícias de Deus aqui, infelizmente, não eram das boas. É que apesar dos 40 anos de ensinamentos e luta com o povo hebreu, o Soberano revela que este povo se apartaria Dele quando entrassem na terra prometida; lá os israelitas seguiriam aos deuses daquelas nações e com isso dariam continuidade ao mal que já era praticado naquele lugar! Em vista disso, Deus os abandonaria, e então muitas desgraças alcançariam aquele povo e aquela terra (vs. 16-18).

(Se deixamos o Eterno, ele também nos deixa; é por isso que Jacó, o justo, erroneamente conhecido como Tiago, recita os profetas quando envia uma mensagem aos crentes dispersos pelo mundo, dizendo: chegai-vos a Deus, e Ele se chegará a vós… (vide Tg 4:8; cf. 2 Cr 15:2; Is 1:16; Zc 1:3; Ml 3:7).

O cântico do testemunho.

Em vista do futuro desastroso o qual Deus sabia que o povo israelita posterior a Moisés e a Josué iria entrar, devido sua própria infidelidade, em Deuteronômio 31:19-21 Ele ordena que se escrevesse um cântico e fosse ensinado aos israelitas. Este cântico serviria de testemunho contra eles, de que foram amaldiçoados, destruídos e dispersos pelo mundo devido sua própria ingratidão e deslealdade para com seu Criador.

Neste ponto nós vemos o valor didático que a música tem, e como ela pode se envolver emocionalmente com cada pessoa. Imagina como deve ter sido para as pessoas que retornaram do cativeiro babilônico, sofrido pela infidelidade de seus antepassados, ouvir este cântico de testemunho contra eles mesmos? Basta ver Neemias 8:6-9 para se ter uma noção da tristeza e remorso sentido.

Assim aprendemos que se inspirarmos as composições de nossas músicas no verdadeiro sentido das Escrituras, relatando episódios de nossa história e experiências que o Todo Poderoso nos dá, isso exerce grande poder influenciador, restaurador e didático sobre nós.

Por fim, os vs. 22-23 afirmam que Moisés escreve o cântico no mesmo dia e o ensina aos seus compatriotas. Depois Deus segue dando instruções de liderança a Josué (original Yehoshua).

E para concluir, nos vs. 26-29 Moisés relata aos líderes como eles seriam infiéis à aliança divina no futuro e sofreriam muito por causa disso. Ele os ordena preservarem a Lei de Deus para que ela própria testemunhasse contra eles.

(O que é interessante notar aqui é a afirmação de Moisés de que o povo já era infiel enquanto ele estava em vida, e seria muito mais depois que ele partisse. Saul, um dos líderes da comunidade de discípulos de Ieshua, também afirma palavras parecidas, basta ver Atos 20:25-31).

Sugestão de leitura diária para a Parashá Vayelech.

Materiais recomendados para estudo das porções semanais da Torá:

Torá: a lei de Moisés, por Meir Matzliah Melamed.

Torá hoje: um encontro renovado com a Escritura Sagrada, por Pinchás H. Peli, Editora Sêfer.

Por Gabriel Filgueiras

Nascido em fevereiro de 1989, natural de Magé, RJ. Formado em teologia pela Faculdade da 2ª Igreja Batista de Rio das Ostras (RJ); estudante da Bíblia em seu contexto original judaico com a Comunidade Judaica Netzarim do Pará, sob orientação do professor de Torá e rosh (líder de comunidade) Yoná Sibekhay. Sou um monoteísta gentio em busca do conhecimento do Sagrado e Divino através das Sagradas Escrituras, a Bíblia Sagrada. Para mais informações, visite a página "Sobre" no Blog bibliaseensina.com.br.

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