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Feriados Judaicos

Rosh Hashaná, o ano novo judaico/bíblico

Rosh Hashanah (hebraico: ראש השנה), (literalmente “cabeça do ano”), é o Ano Novo Judaico. É o primeiro dos Grandes Feriados ou Yamim Noraim (“Dias de Temor”). É celebrado dez dias antes do Yom Kippur, nos dois primeiros dias de Tishrei, o sétimo mês do calendário hebraico. É descrito na Torá como יום תרועה (Yom Teruah, um dia de soar [o Shofar] – trombeta). Rosh Hashaná para o ano hebraico 5784 começa ao pôr do sol de sexta-feira, 15 de setembro de 2023, e termina ao anoitecer de domingo, 17 de setembro de 2023.

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Há uma semelhança importante entre o Ano Novo Judaico e o Ano Novo Americano (Ocidental): muitos americanos usam o Ano Novo como um momento para planejar uma vida melhor, tomando “resoluções”. Da mesma forma, o Ano Novo Judaico é um momento para começar a introspecção, olhando para trás, para os erros do ano passado e planejando as mudanças a serem feitas no ano novo, continuando durante os Dias de Temor e Yom Kippur.

(Os dez dias que começam com Rosh Hashaná e terminam com Yom Kippur são comumente conhecidos como Dias de Temor (Yamim Noraim) ou Dias de Arrependimento).

Rosh Hashaná na Bíblia.

Você pode notar que a Bíblia fala de Rosh Hashaná como ocorrendo no primeiro dia do sétimo mês. O primeiro mês do calendário judaico é Nissan, ocorrendo em março e abril. Por que, então, o “ano novo” judaico ocorre em Tishrei, o sétimo mês?

O Judaísmo tem vários “anos novos” diferentes, um conceito que pode parecer estranho à primeira vista, mas pense desta forma: o “ano novo” americano começa em janeiro, mas o novo “ano escolar” começa em setembro (feverero/março no Brasil), e muitas empresas têm “exercícios fiscais” que começam em várias épocas do ano. No Judaísmo, Nissan 1 é o ano novo com o propósito de contar o reinado dos reis e os meses do calendário, Elul 1 (em agosto) é o ano novo para o dízimo dos animais, Shevat 15 (em fevereiro) é o ano novo para árvores (determinar quando os primeiros frutos podem ser consumidos, etc.), e Tishrei 1 (Rosh Hashaná) é o ano novo para anos (quando aumentamos o número do ano. Os anos sabáticos e jubilares começam nesta época).

O nome “Rosh Hashanah” não é usado na Bíblia para discutir este feriado. A Bíblia se refere ao feriado como Yom Ha-Zikkaron (o dia da lembrança) ou Yom Teruah (o dia do toque do shofar). O feriado é instituído em Levítico 23:24-25.

“E o Eterno falou a Moisés, dizendo: “Fala aos filhos de Israel, dizendo: No sétimo mês, o primeiro dia do mês será para vós descanso solene, memorial de toque de Shofar, convocação de santidade. Nenhuma obra servil fareis, e oferecereis oferta queimada ao Eterno.””

Tanah Completo

Também em Números 29:1.

O toque do shofar em Rosh Hashaná.

O shofar é um chifre de carneiro tocado como uma trombeta. Na verdade, muitas Bíblias em português traduzem a palavra “shofar” como “trombeta”. Uma das observâncias mais importantes deste feriado é ouvir o toque do shofar na sinagoga. Um total de 100 notas são tocadas a cada dia.

O vídeo “An Amazing Shofar Ram’s Horn Service”, do canal Jewish Learning, no YouTube (abaixo), é uma apresentação incrível (e muito alta!) dos toques do shofar que você ouve na sinagoga em Rosh Hashaná.

A Bíblia não dá nenhuma razão específica para esta prática. Uma coisa que foi sugerida é que o som do shofar é um chamado ao arrependimento.

Outras tradições de Rosh Hashaná.

Machzor Completo Hebraico e Português, Editora Sêfer. Livro de orações/reza para Rosh Hashaná e Yom Kippur.

Nenhum trabalho (para os judeus ou povo de Israel) é permitido em Rosh Hashaná. Grande parte do dia é passada na sinagoga, onde a liturgia diária regular é um tanto ampliada. Na verdade, existe um livro de orações especial chamado Machzor, usado para Rosh Hashaná e Yom Kippur por causa das extensas inserções litúrgicas para esses feriados.

Outra prática popular durante este feriado é comer maçãs mergulhadas em mel, um símbolo do desejo de um doce ano novo. Também mergulha-se o pão no mel (em vez da prática habitual de salpicar sal) nesta época do ano pelo mesmo motivo.

Outro costume do feriado é Tashlikh (“arremessar”). Caminha-se até águas correntes, como um riacho ou rio, esvazia-se os bolsos no rio, rejeitando simbolicamente os pecados. Pequenos pedaços de pão são comumente colocados no bolso para serem descartados. Esta prática não é discutida na Bíblia, mas é um costume antigo. O Tashlikh é normalmente observado na tarde do primeiro dia, antes dos cultos da tarde.

Os serviços religiosos para o feriado concentram-se no conceito da soberania de Deus.

A saudação comum nesta época é L’shanah tovah (“por um bom ano”). Esta é uma abreviação de “L’shanah tovah tikatev v’taihatem” (ou para as mulheres, “L’shanah tovah tikatevi v’taihatemi“), que significa “Que você seja inscrito e selado por um bom ano.”

O aniversário da criação.

A virada do ano novo judaico remonta à criação do primeiro ser humano, Adão, no 6º dia da criação (Gn 1:26-31). Ou seja, foi no dia 1 de Tishrei que Deus colocou o homem no mundo. Por isso, não deveria ser o Rosh Hashaná uma data lembrada por toda a humanidade, ainda mais pelos crentes de certas religiões, que (infelizmente) desprezam os feriados bíblicos?!

Até a Câmara Municipal de São Paulo incluiu o Rosh Hashaná no calendário oficial da cidade, porém muitas denominações religiosas, que dizem servir a Deus, nem sequer mencionam tal data, e a grande maioria de seus adeptos nem mesmo a conhecem, pois infelizmente recebem um ensinamento parcial e até distorcido da Bíblia.

(O Documento publicado pela Câmara Municipal de São Paulo pode ser encontrado no seguinte endereço: http://documentacao.camara.sp.gov.br/iah/fulltext/justificativa/JPL0708-2003.pdf).

A tradição judaica explica que Tishrei é o mês em que Deus criou o ser humano, agora a 5784 anos atrás. O mês de Tishrei geralmente se situa em meados do mês de setembro do calendário do papa Gregório XIII (o que é usado no Brasil e em muitas partes do mundo).

(O povo judeu não conta a idade do mundo pelo calendário gregoriano, mas pelo hebraico, que é o calendário da Bíblia, usado hoje em dia em Israel).

Eu montei uma planilha cronológica com a idade da humanidade de acordo com datas mencionadas na Bíblia e em outras literaturas do povo de Israel. Ela se encontra em fase de construção, veja neste endereço: biblia.pro.br/pcb.

Em setembro de 2022 (virada de ano 5782 para 5783), o então presidente da República Brasileira, Jair Messias Bolsonaro, desejou feliz ano novo ao povo judeu. Veja no vídeo abaixo, no Youtube, ou no canal Israel nas Notícias, no Telegram, no seguinte endereço: https://t.me/Israel_Noticias/5656.

Certa vez, o canal de televisão SBT também desejou ao povo judeu feliz ano novo, pois, como muitos sabem, seu fundador, Silvio Santos, é descendente de Isaac Abravanel, um judeu que foi perseguido pela Inquisição Católica na Espanha.

No vídeo abaixo, publicado no Canal Israel na Web (Youtube), o próprio Silvio Santos explica sua ascendência judaica.

Assista também esse vídeo do canal Cafetorah para mais detalhes sobre o ano novo judaico:

https://youtu.be/cSJYOLsu1vU
O que é o Rosh Hashaná, o ano novo judaico? Por Cafeh Torah

Com relação a mais detalhes de como se deve celebrar este evento, deixamos isso para ser abordado por sites judaicos, pois eles são os preservadores dessa tradição da maneira que lhes foi dada por Deus.

Mas, um dos principais livros que trazem essa abordagem é o Mishná – Tratado de Rosh Hashaná, que vem com texto em Hebraico e Português, junto de comentários.

Mishná Torá - Tratado Rosh Roshaná - livro.

O Tratado de Rosh Hashaná aborda principalmente as leis relativas a Rosh Hashaná, o início do ano judaico: quando é, o modo de calculá-lo, como proclamá-lo e transmitir ao povo sua data, assim como as leis relativas à santidade desse dia, como suas orações e preceitos principais.


Artigo publicado por Projeto Bíblico Ezra (biblia.pro.br);
Autor: Gabriel da Rocha Filgueiras.

Por Gabriel Filgueiras

Nascido em fevereiro de 1989, natural de Magé, RJ. Formado em teologia pela Faculdade da 2ª Igreja Batista de Rio das Ostras (RJ); estudante da Bíblia em seu contexto original judaico com a Comunidade Judaica Netzarim do Pará, sob orientação do professor de Torá e rosh (líder de comunidade) Yoná Sibekhay. Sou um monoteísta gentio em busca do conhecimento do Sagrado e Divino através das Sagradas Escrituras, a Bíblia Sagrada. Para mais informações, visite a página "Sobre" no Blog bibliaseensina.com.br.

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