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Resumo da Parashá Tazria (Levítico 12:1 até 13:59)

A Parashá Tazria é a 27ª porção semanal da Torá no ciclo anual judaico de leitura. Tazria, que significa “ela gera a semente” no hebraico, começa descrevendo o processo de purificação de uma mulher após o parto. Em seguida, descreve diferentes formas de tzaraat (lepra), uma condição de descoloração da pele ou das roupas e a exigência de uma pessoa infectada morar sozinha fora do acampamento e ser inspecionada por um sacerdote.

As leis relacionadas à concepção de um menino.

Levítico capítulo 12 é curto e totalmente dedicado ao assunto concepção. Ou seja, são orientações divinas que orientam como a mulher judia deveria agir depois de gerar uma criança.

Se ela desse à luz um menino, ficaria cerimonialmente impura durante sete dias, como nos dias da menstruação. No oitavo dia o menino deveria ser circuncidado. Depois ela deveria esperar mais 33 dias para ser purificada do sangue que perdeu durante o parto. Ela não deveria tocar nada sagrado durante esse tempo, nem entrar no santuário.

(Ao ler os relatos dos judeus nazarenos (netzarim), discípulos de Ieshua, verificamos que seus pais agiram exatamente de acordo com a Lei no que dizia respeito ao seu nascimento. Eles o circuncidaram ao oitavo dia de vida, quando revelaram em público qual seria seu nome, de acordo com a tradição judaica, vide Lc 2:21. Também esperaram o tempo da purificação da mãe para depois se apresentarem no templo, conforme ordenado neste capítulo de Levítico, vide Lc 2:22-24. Depois de fazerem tudo de acordo com a Torá, voltaram para sua terra, cf. Lc 2:39-40. Isso desmistifica a mentira que construíram certos teólogos tempos depois, de que a Lei de Moisés ficou no passado, se tornou obsoleta ou foi abolida).

Agora, se a mulher israelita desse à luz uma menina, o tempo de sua purificação seria o dobro, ou seja, 14 dias depois do parto e mais 66 dias para purificação do sangue.

Mas como explicar esses números? Por que a diferença de dias quando nascesse uma menina? Será que havia algum tipo de preconceito na Lei de Deus? Naturalmente não, e há algumas explicações para isso. Uma delas se encontra no Livro dos Jubileus, um dos achados entre os manuscritos do Mar Morto. O capítulo 3:8-14 deste livro explica essa situação da seguinte forma:

Na primeira semana Adão foi criado, e sua costela, sua esposa. Na
segunda semana Ele [Deus] mostrou ela para ele [Adão]. E por esta razão o mandamento foi dado para guardar em sua impureza para o homem sete [7] dias, e para a mulher duas vezes sete dias [14 dias]. (Lev 12)
E depois de Adão ter cumprido quarenta [40] dias na terra na qual foi
criado, nós [os anjos] o trouxemos ao jardim do Éden para lavrá-lo e cuidá-lo, mas sua esposa eles trouxeram no octogésimo [80] dia, e após [esse tempo] ela entrou no jardim do Éden.
E por essa razão o mandamento foi escrito nas tábuas celestes no que
diz respeito a ela quando da a luz
: “Se ela parir um macho [menino], ela deve permanecer em sua impureza sete [7] dias de acordo com a primeira semana de dias, e trinta e três [33] dias ela deve permanecer no sangue de sua purificação, e ela não deve tocar em nada sagrado, nem entrar no santuário, até ela cumprir esses dias no caso de um menino. (Totalizando 40 dias.)
Mas no caso de uma menina ela deve permanecer em sua impureza
duas semanas de dias [14 dias], de acordo com as duas primeiras semanas, e sessenta e seis [66] dias no sangue de sua purificação, e serão no total oitenta [80] dias.” (Lv 12.)
E quando ela completou esses oitenta [80] dias nós a trouxemos
ao jardim do Éden, porque [este jardim] é mais santo que toda a terra a seu
redor e cada árvore plantada nele é santa.
Por isso foi ordenado no que diz respeito a ela que parir um menino ou
menina o estatuto destes dias nos quais ela não pode tocar nada sagrado,
nem entrar no santuário até [que] os dias [determinados] para um menino ou uma menina estejam completos.
Esta é a Lei e o testemunho que foi escrita para Israel para que eles a
observassem todos os dias.

O Livro dos Jubileus, Traduzido para o português por L.F.S. Prado, 2012.

Então, de acordo com essa literatura judaica preservada especialmente pela comunidade antiga dos essênios, a diferença do número dos dias de impureza para a concepção de um menino ou menina é justamente para simbolizar aqueles dias da criação do primeiro casal.

Os vs. 6-8 de Levítico 12 finalizam o capítulo descrevendo que tipo de sacrifícios seriam oferecidos para a purificação da mulher.

As normas sobre as doenças da pele (comumente conhecidas como “lepra”).

O capítulo 13 de Levítico é totalmente dedicado a tratar dos rituais de purificação de tzaraat, que na maioria das bíblias comuns foi traduzido como “lepra”. Também são dadas orientações de como identificar a doença de pele e como tratar as pessoas e objetos que fossem infectados por ela.

Os versículos 2 até 8 deste capítulo ensinam como o sacerdote israelita deveria identificar se uma enfermidade na pele era contagiosa ou não, e o que deveria fazer em ambos casos. Se afirmativo, a pessoa deveria ser declarada impura e afastada do convívio social para não contaminar a outros (cf. vs. 9-17).

Os vs. 18 até 46 orientam como o sacerdote deveria identificar vários tipos de doença de pele sem cura e contagiosas, e quando deveria declarar uma pessoa pura ou impura da doença. A pessoa declarada impura deveria ficar isolada do acampamento israelita para não contagiar outros.

Agora, a partir do v. 47, a abordagem muda para quando for encontrada contaminação em objetos. Até o final do capítulo é descrito que roupas e objetos de couro que fossem identificados com manchas ou mofo contagioso deveriam ser queimados. Também é ensinado ao sacerdote como deveria ser identificada a doença contagiosa.

Obra recomendada para leitura da Parashá Tazria:

Torá: a lei de Moisés, por Meir Matzliah Melamed.

Sugestões de leituras diárias para a Parashá Tazria.

Por Gabriel Filgueiras

Nascido em fevereiro de 1989, natural de Magé, RJ. Formado em teologia pela Faculdade da 2ª Igreja Batista de Rio das Ostras (RJ); estudante da Bíblia em seu contexto original judaico com a Comunidade Judaica Netzarim do Pará, sob orientação do professor de Torá e rosh (líder de comunidade) Yoná Sibekhay. Sou um monoteísta gentio em busca do conhecimento do Sagrado e Divino através das Sagradas Escrituras, a Bíblia Sagrada. Para mais informações, visite a página "Sobre" no Blog bibliaseensina.com.br.

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