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Haftará Parashá

Resumo da Parashá Re’eh (Deuteronômio 11:26-16:17)

A Parashá Re’eh (“Veja”) detalha uma série de leis antes da entrada dos israelitas na Terra de Israel. Estes incluem a obrigação de destruir a idolatria, leis de dízimo e caridade, leis alimentares, leis de feriados e a proibição de oferecer sacrifícios fora do local designado por Deus. Essa porção semanal da Torá vai de Deuteronômio 11:26 até 16:7.

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O lugar da adoração.

Em Deuteronômio 11:26-32 lemos que era dever do povo israelita obedecer os mandamentos de Deus ao entrarem na terra prometida. Moisés está preparando o povo para esse momento, então afirma que bênçãos seriam derramadas sobre eles se honrassem a aliança do Eterno, praticando suas leis, porém sofreriam maldições se agissem ao contrário.

Em 12:1-3 lemos que toda idolatria deveria ser exterminada da terra que os israelitas entrariam. De fato, as nações adoravam diversas divindades de onde extraíam seus costumes maus, por isso o povo hebreu deveria eliminar tais deuses e não imitar tais hábitos provenientes da crença neles.

Nos versículos 4 até 14 Moisés finalmente revela com mais detalhes para os filhos de Israel que o Eterno escolheria uma cidade específica para fazer habitar o seu Nome depois de atravessarem o Jordão e possuírem a terra prometida. Os israelitas deveriam agir das seguintes formas ao entrarem na terra:

  • Seria o local central de culto ao Soberano (vs. 4-5);
  • Os sacrifícios deveriam ser realizados somente lá (vs. 6,11,13,14);
  • Os dízimos (décima parte da colheita, crias do gado e do rebanho) deveriam ser levados para lá no tempo determinado (vs. 6,11);
  • Demais ofertas voluntárias/de votos e os primogênitos dos animais deveriam ser oferecidos lá também (vs. 6,11);
  • Deveria ser um lugar de culto alegre e festivo (vs. 7,12);
  • Lá seria o “centro doutrinário” de Israel (vs. 8-9); isto é, ali seriam determinados os padrões de culto.

Introdução à dieta alimentar bíblica e ao dízimo.

A Torá (Lei de Deus) rege a vida do povo de Deus do início ao fim, até mesmo o modo de se vestir e o que comer. Neste ponto, os vs. 15 a 27 de Deuteronômio 12 também nos dão algumas informações importantes acerca da dieta alimentar bíblica que o Eterno ordenou ao Seu povo.

É que, naturalmente, os israelitas poderiam comer carne de animais em qualquer lugar de sua terra, porém os animais e outros alimentos separados como oferta a Deus só poderiam ser imolados e comidos na cidade onde estaria Seu Nome (vs. 17-18,26,27).

Ainda é dito aqui que eles não deveriam comer a carne com o sangue (vs. 16,23), mandamento este que o Criador dá a Noé e seus descendentes (Gn 9:2-4), bem como os líderes da comunidade de discípulos do Senhor o fazem com os estrangeiros convertidos (At 15:20).

Precisamos chamar atenção ainda para o versículos 17, pois haviam várias formas de se dar o dízimo na Bíblia. Aqui vemos o que já havia sido determinado em Levítico 27:30-33, que o dízimo era exigido em forma de alimentos e animais, mesmo já havendo dinheiro na época (cf. Dt 2:6). É claro que, devido às circunstâncias sociais terem mudado ao longo do tempo, aconteceram adaptações na forma que estes mandamentos eram aplicados, mas a finalidade não deveria continuar a mesma?

Por fim, nos vs. 18-19 nós vemos que os levitas não deveriam ser abandonados pelos demais irmãos israelitas, pois em certas ocasiões o dízimo das colheitas deveriam ser dados a eles para manutenção do serviço divino que prestavam (cf. Nm 18:21-24).

Advertência contra cultos misturados.

Agora, os vs. 29-31 concluem o capítulo 12 de Deuteronômio dando mais advertências contra a idolatria. Pois ao possuírem a terra prometida, os israelitas jamais deveriam desejar conhecer os costumes que aquelas nações tinham para com seus deuses, afim de imitá-los. Suas práticas eram tão abomináveis que até mesmo seus próprios filhos eram lançados ao fogo em sacrifício.

Além disso, não deveriam usar dos costumes que eram praticados para com outras divindades para adorar o Eterno. Ou seja, é proibida também toda forma do que hoje chamamos de sincretismo religioso (mistura de crenças ou cultos). Os israelitas deveriam prestar culto ao Todo Poderoso somente da forma que Ele estava ordenando através de Moisés, seu servo, sem nada acrescentar ou diminuir (v. 32).

Isso é um grande alerta para nós: será que não deveríamos nos aplicar a aprender as Escrituras mais à fundo, para conhecer como é o culto ao Criador nelas, e observar em nosso cotidiano se não estamos praticando cultos mistos, isto é, que envolvem crenças não ensinadas de fato na Bíblia?

Os falsos profetas.

Nessa porção semanal da Torá (Parashá Re’eh), aprendemos algo muito interessante acerca de falsos profetas no capítulo 13 de Deuteronômio. É que Moisés afirma ali a possibilidade de acontecer algum sinal milagroso profetizado por um deles, ou visto em algum sonho. Então vemos com isso que eles tinham algum “poder”. No entanto, o povo do Eterno identificaria que este era um falso profeta com o convite que receberiam dele logo em seguida, de ir conhecer e adorar outros deuses! (vide vs. 1-2).

Na verdade, no versículo 3, Moisés revela que a realização da profecia ou do sonho do falso profeta vinha do próprio Deus, que estava avaliando (provando) seu povo, para saber se eles guardariam os mandamentos Dele ou não.

Então não devemos nos surpreender quando determinados sinais milagrosos ditos por videntes, profetas ou líderes de religiões alheias às Escrituras acontecem, pois o próprio Deus lhes permitiu isso. (Temos alguns casos conhecidos nos relatos dos discípulos, veja Atos 8:9-11 e 16:16).

No v. 4 Moisés orienta ao povo que sigam somente a ADONAI, se Deus. Porém o mais interessante aqui é a forma que ele fala ao povo, pois ele usa a palavra hebraica ילך (yalak), que significa literalmente “andar“. Ou seja, a vida com Deus é uma caminhada em que devemos andar após Ele, isto é, segui-lo, seguir seus mandamentos e instruções, aprendendo gradativamente como ser obedientes e agradáveis a Ele.

Por fim, nos vs. 4-5 nós lemos uma realidade que não pode ser omitida, pois aqui é aplicada a pena de morte para os profetas que tentassem desviar o povo do caminho do Eterno. Sim, é verdade, a Lei de Deus, a Torá, tem pena de morte para alguns crimes! Mas elas deixaram de ser aplicadas desde que Israel perdeu seu território para inimigos, especialmente para Roma, por volta do 1º AEC.

A idolatria, de fato, é vista como um dos pecados mais terríveis nas Escrituras. De maneira alguma um israelita deveria abandonar o Eterno e seus caminhos para servir outros “deuses”. A punição para este tipo de erro é tão grave que nos vs. 6 até 18 vemos sua aplicação até mesmo para com parentes próximos, pessoas distantes e na destruição de cidades idólatras.

(Nos escritos dos discípulos do Senhor Ieshua a idolatria também é vista da mesma forma. O próprio dizia que adoração e culto deveriam ser prestados somente a ADONAI – Lc 4:8, e seus discípulos ensinaram que deveria ser cortada a convivência com “irmãos” idólatras – 1 Co 5:11).

A identidade do povo bíblico!

A partir do capítulo 14 de Deuteronômio veremos uma série de costumes que identificariam o povo de Deus. Alguns deles já haviam sido ditos principalmente no livro de Levítico, e agora, em seus últimos momentos de vida, Moisés os reitera.

No v. 1 nós lemos que o povo não deveria imitar costumes ritualísticos que outras nações praticavam pelos mortos, abraçando assim suas crenças. Aqui são mencionados determinados tipos de cortes de cabelo ou cortes no próprio corpo (uma forma de mutilação), que ficaram proibidos ao povo do Eterno. Veja também Lv 19.28 e 21.5.

O v. 2 destaca o que é pouco dito em certos ciclos religiosos que dizem usar a Bíblia Sagrada como única regra de fé e prática: que estes costumes listados aqui também estão relacionados à santidade do povo de Deus.

(Leia também: O que é ser santo segundo as Escrituras no Blog Bíblia se Ensina).

Dos vs. 3-21 lemos mais alguns detalhes da dieta alimentar que o povo do Eterno deveria seguir, quais animais eles deveriam considerar puros ou impuros para o consumo.

No momento, não daremos tantos detalhes aqui, até porque estamos escrevendo um resumo. Porém, a fim de não deixar dúvidas, podemos citar brevemente alguns tipos de carne mais comuns na atualidade, mas consideradas impuras por Deus na Bíblia. Estas se encontram comumente na mesa dos brasileiros, nosso povo, dia após dia, mesmo na daqueles que dizem ter a Bíblia como única regra de fé e prática. Obviamente, muitos ainda não se deram conta dos mandamentos de Deus para seu povo aqui, e por isso ainda consideram o que fazem absolutamente normal; outros, porém, sabem e ainda inventam justificativas para ficar desobedecendo, a fim de satisfazer seus gostos pessoais (infelizmente).

Então, além da carne do camelo, da lebre e do coelho como sendo impuras, que não são comumente consumidas em nosso país, temos os diversos alimentos provenientes da carne do porco que, pelo contrário daquelas, são muito comuns. Mas a lista de Deuteronômio 14 cita também animais do mar que Deus classificou como impuros para o consumo de seu povo, aqueles que não tem barbatanas nem escamas, como o camarão, o goiamum (caranguejo) e o bagre, por exemplo.

(Ora, tais dietas alimentares, do contrário do que muitos imaginam, não deixaram de ser mandamento para o povo de Deus no chamado “novo testamento”, pois até mesmo numa visão em sonho um dos principais líderes da comunidade de discípulos recusa-se a comer alimentos impuros (At 10:9-14). Além disso, este mesmo líder cita uma passagem de Levítico em sua carta onde se abster desses alimentos é considerado santidade (cf. 1 Pe 1;15-16 e Lv 20:25-26).

(Leia mais detalhes no estudo “Cristao pode comer carne de porco“, no Blog Bíblia se Ensina).

O Dízimo bíblico na Parashá Re’eh.

Agora, em Deuteronômio 14:22-29 vamos ler importantes informações a respeito do que vem a ser o dízimo bíblico de verdade. Este é um ensinamento às vezes polêmico e controverso em nosso tempo, onde passagens bíblicas como essa dificilmente são lidas nos cultos e reuniões de ensino, pois se lidas podem trazer à tona verdades sobre ensinamentos falsos ou distorcidos.

Aqui vemos ao menos dois tipos de dízímo: o dízimo das festas e da caridade.

Nos vs. 22 e 23 lemos que anualmente deveria ser separada a décima parte (o dízimo) dos produtos da colheita, crias do gado e do rebanho. Ou seja, um em cada dez deveriam ser consagrados para finalidades relacionadas ao culto divino. Esses dízimos deveriam ser levados para a cidade escolhida por Deus e serem comidos ali numa espécie de culto festivo. Nem todos sabiam que os dízimos eram comidos, não é verdade?!

Dos vs. 24-26 o povo é orientado a vender seus dízimos, caso o caminho para a cidade escolhida fosse longe demais de onde eles moravam.

O dinheiro das vendas deveria ser levado para a cidade santa e ser gasto em comida e bebida para serem consumidos pela família do dizimista durante uma festa.

Aqui também podemos desmistificar outra história contada em certos meios religiosos, de que a Bíblia proíbe o consumo de bebida alcoólica. Isso não é verdade, pois no v. 26 o próprio Deus permite ao povo comprar “bebida forte” para consumir e se alegrar na presença Dele. É claro que não vamos sair por aí a fora dizendo que todos podem então consumir bebida alcoólica de modo desenfreado, pois o vício e a incontinência são as coisas que a Bíblia não aprova! (cf. Pv 23:29-35). Além disso, visto a infeliz realidade de muitas famílias devido ao uso de bebida alcoólica, nós aqui nem sequer a recomendamos. Mas nem por isso deixaremos de dizer uma verdade que está nas Escrituras ou ficaremos “re-doutrinando” a Bíblia.

Finalmente, no v. 27 é dito para que os israelitas não se esquecessem de dar suporte aos levitas nessa ocasião, pois eles não receberam heranças territoriais em Israel. E nos vs. 28-29 lemos a respeito do dízimo para os pobres, que trienalmente era armazenado nas cidades israelitas e dado a eles.

Embora outros trechos das Escrituras deem informações adicionais de como é o verdadeiro dízimo bíblico, nessa passagem de Deuteronômio 14:22-29, lida na Parashá Re’eh, já é possível percebermos como que a doutrina bíblica é diferente do que é pregado em muitas lugares por aí.

(Leia também: o dízimo bíblico e o dízimo medieval no blog Bíblia se Ensina).

O ano da remissão (perdão).

O funcionamento da nação de Israel gira em torno de ciclos anuais. E em Deuteronômio 15:1-18 lemos a respeito do ano da remissão, ou do perdão, que acontece no ciclo de cada 7 anos.

Nesta ocasião, os compatriotas israelitas deveriam perdoar as dívidas uns dos outros.(vs. 2-4). Aqui nós vemos um mandamento humanitário com a finalidade de combater a pobreza na nação israelita (v. 4). Ou seja, as pessoas que tinham boas condições financeiras deveriam emprestar aos seus irmãos pobres o necessário para suprir suas necessidades (vs. 7-8).

(Este ensinamento, naturalmente, continuava a ser reproduzido pela comunidade de discipulos de Ieshua, veja 1 Jo 3:17, Gl 2:9-10, At 20:34-35).

Além disso, em Deuteronômio 15:9, lemos uma frase que entrou para os ensinamentos de Ieshua em Mateus/Matias 6:23 e Lucas 11:34. É que ninguém deveria ter um “olhar mau” para um compatriota pobre que precisasse de algum empréstimo quando estivesse próximo do ano do perdão. Antes, para combater a própria pobreza social e não deixar uma família em dificuldades, mesmo estando próximo o ano do perdão, um homem não deveria agir com avareza, mas mesmo assim emprestar ao necessitado.

Tal atitude generosa garantiria a bênção de Deus sobre o doador (vs. 10-11).

A “escravidão” na Bíblia (Dt 15:12-18).

Na porção semanal (parashá) Re’eh aprendemos algumas coisas interessantes a respeito da escravidão entre os israelitas antigos. Pois certas pessoas pensam nela como as outras onde seres humanos sofriam maus tratos e injustiças. No entanto, a escravidão na Bíblia não é bem assim, pois em Israel o escravo tinha direitos!

Em Deuteronômio 15:12-18 estão registrados esses direitos dos escravos.

Ora, uma pessoa se tornava escrava quando empobrecia muito, não tendo condições nem mesmo de alimentar a si mesma. Então ela “se vendia” a alguém em troca de seu sustento.

Contudo, ao fim de cada 7 anos, no ano da remissão, o escravo tinha o direito à liberdade! (v. 12). Além disso, ao ser despedido, não deveria ir de mãos vazias, antes seu dono deveria lhe fornecer provisões para a sobrevivência (vs. 13-14).

É notável com isso que Deus está ensinando aos israelitas não ficarem contentes com o sofrimento dos outros. Por isso Ele os recorda que foram escravos e maltratados no Egito antigo, então não deveriam “pagar com a mesma moeda” (v. 15).

Além do mais, o escravo poderia decidir não ir embora e permanecer com seu senhor, caso quisesse (v. 16). Isso indica que ele não estava sendo mal tratado. Então se assim podemos dizer, a escravidão na Bíblia, isto é, em Israel, era como uma espécie de prestação de serviços, e não necessariamente havia injustiça social e maus tratos por parte do dono do escravo. Ademais, o v. 18 revela que, na verdade, os “escravos” também tinham um salário mínimo!

Finalmente, no v. 17 lemos que, quando um escravo ou escrava decidisse por ficar com seu senhor, este deveria lhe furar uma das orelhas como sinal de sua decisão, e assim ficaria com ele para sempre. Isso possivelmente inspirou Davi a escrever no Salmo 40:6 que também “queria ter suas orelhas furadas por Deus”, isto é, ficar com Ele para sempre, e servi-lo; porém nem todas as traduções bíblicas deixaram perceber isso devido a forma que o traduziram.

Em suma, os direitos dos escravos eram:

  1. Ter liberdade após 6 anos de serviço;
  2. Não deveria ser despedido de mãos vazias no 7º ano;
  3. Não deveriam sofrer maus tratos durante o tempo de seu serviço (do contrário do que os israelitas sofreram antigamente no Egito);
  4. Poderiam escolher ficar com seu amo ao final dos 6 anos de trabalho;
  5. Recebiam meio salário de um trabalhador.

A consagração dos primogênitos.

Todo o animal primogênito macho entre o gado bovino e o rebanho deveria ser consagrado a Deus (Dt 15:19). A finalidade, na verdade, era que estes animais deveriam ser levados para a cidade santa de Israel e lá serem oferecidos no altar e comidos numa espécie de culto festivo ao Eterno (v. 20). Mas eles não deveriam ser usados para isso caso tivessem algum defeito (v. 21).

Parece algo simples, mas essas orientações nos ensinam algumas lições preciosas de relacionamento com Deus. É que seu povo deveria separar a primeira e melhor parte do seu trabalho como uma oferta ao Soberano, princípio este também ensinado por Salomão em Provérbios 3:9-10.

Mas com relação aos animais defeituosos, sua carne poderia ser comida em qualquer cidade das terras de Israel, porém seu sangue ainda seguia sendo proibido para o consumo (vs. 22-23).

As festas bíblicas.

Nos trechos finais da porção (parashá) Re’eh, a partir de Deuteronõmio 16:1 até o versículo 17, serão relatadas algumas festas bíblicas que deveriam ser celebradas pelo povo de Deus ao longo de sua história.

É importante observar que é o próprio Deus, através de Moisés, que determina a maneira como cada festividade deveria ser comemorada por Seu povo. Logo, aqui não há espaço para invencionices da imaginação humana, mas todos os mandamentos do SENHOR deveriam ser obedecidos na forma que Ele os deu.

Pêssah: A Páscoa bíblica.

Celebrada no dia 14 do mês bíblico de “abib”, aquele que fora classificado por Deus como o principal dos meses para os israelitas, pois foi nele que eles saíram da terra do Egito, vide Dt 16:1 e Êx 12:2. Logo, essa festa tinha a ver com um acontecimento específico da vida do povo israelita, por isso não poderia ser feito em outra data.

Nos vs. 2, 5 e 6 lemos que um animal específico deveria ser sacrificado, oferecido a Deus e comido pelo ofertante na cidade que Ele havia escolhido (Jerusalém). Havia um horário específico para se comer deste animal e não deveria sobrar para o dia seguinte (v. 4b-6). Tudo isso era para recordação do evento da libertação do Egito, vide Êxodo 12:1-11.

No v. 14 de Êxodo 12, também lemos que este mandamento era perpétuo (isto é, eterno) para os israelitas, portanto qualquer doutrina que diga que essa páscoa tornou-se obsoleta ou foi substituída por outro evento, não pode vir de Deus!

Além disso, nos vs. 3 e 8, se diz que eles deveriam comer, durante 7 dias, pães sem fermento, pois este serviria para recordá-los da vida ruim que tiveram com a escravidão egípcia antiga, e que Deus os libertou de lá.

(Ao lermos com detalhes os relatos da última refeição de Ieshua com seus discípulos, percebemos que eles fizeram tudo de acordo com essas e outras tradições bíblicas-judaicas, veja Lc 22:7-20 por exemplo. No entanto, intérpretes bíblicos posteriores, naturalmente divorciados do povo de Israel, mudaram as coisas, mesmo sob pretexto de estarem honrando ao Messias, o que foi transmitido a todo o mundo religioso ocidental. E assim, o que quase totalidade dos crentes na Bíblia pensam ser o correto, na verdade são erros. Nós escrevemos um estudo sobre isso no Blog Bíblia se Ensina).

Shavuot: A festa das semanas (pentecostes).

Em Deuteronômio 16:9-11 lemos a respeito da Festa das Semanas, Shavuot em hebraico.

Nós lemos aqui que Deus ordena seu povo contar 49 dias (7 semanas) após a Pêssah (Páscoa bíblica). Ou seja, a partir do dia 15 do mês bíblico chamado abib (hoje Nisan), deveriam ser contados 50 dias. O povo judeu (israelita) segue fazendo isso até os dias de hoje, e chamam essa contagem de “contagem de ômer“.

Na verdade, essa contagem é um elo que liga a festa de Pêssah, que celebra a libertação da escravidão dos hebreus no Egito, até o quinquagésimo dia, quando eles chegaram no monte Sinai e receberam lá a Torá, isto é, a Lei/instrução de Deus.(Êx 19:1-2).

(Era nesse período que os discípulos de Ieshua estavam reunidos em Jerusalém, conforme registra o livro de Atos 2:1. Ali é dito que “cumpriu-se o Pentecostes”, e Pentecostes significa quinquagésimo dia. Ou seja, o texto está dizendo que a nação judaica, bem como os discípulos do Senhor, que também eram judeus, estavam contando os 50 dias, e ele se cumpriu no momento daquele evento).

A Festa das Tendas.

A Festa das Tendas (tabernáculos ou cabanas), relatada em Deuteronômio 16:13-15, tinha como finalidade recordar o início do povo israelita como sendo uma nação, pois durante sete dias eles devem habitar em tendas, lembrando-se do tempo que estiveram com Moisés no deserto habitando em tendas, antes de entrarem na terra prometida.

Por fim, a Parashá (Porção) Re’eh termina em Deuteronômio 16:16-17 relatando as três grandes festas israelitas de peregrinação. Basicamente, eram três vezes por ano que os hebreus deveriam se apresentar a Deus em Jerusalém, na época dessas festas.

(A Bíblia relata os pais de Ieshua subindo a Jerusalém todos os anos pelo menos na festa de Pêssah, cf. Lc 2:41. O texto relata ainda Ieshua junto deles aos doze anos nessa mesma ocasião, cf. vs. 42-43. Além disso, é mencionado que ele participou da refeição dessa mesma festa com seus discípulos em sua última noite neste mundo, vide Mt 26:17-19. Ou seja, em nenhum momento de sua vida o Mestre se apartou dos costumes de seu povo, legados a eles pela Lei de Deus. Foi possivelmente durante essa festa que ele nasceu).

Sugestão de leitura diária para a Parashá Re’eh:

Por Gabriel Filgueiras

Nascido em fevereiro de 1989, natural de Magé, RJ. Formado em teologia pela Faculdade da 2ª Igreja Batista de Rio das Ostras (RJ); estudante da Bíblia em seu contexto original judaico com a Comunidade Judaica Netzarim do Pará, sob orientação do professor de Torá e rosh (líder de comunidade) Yoná Sibekhay. Sou um monoteísta gentio em busca do conhecimento do Sagrado e Divino através das Sagradas Escrituras, a Bíblia Sagrada. Para mais informações, visite a página "Sobre" no Blog bibliaseensina.com.br.

Uma resposta em “Resumo da Parashá Re’eh (Deuteronômio 11:26-16:17)”

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