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Resumo da Parashá Eikev (Deuteronômio 7:12-11:25)

A Parashá Eikev (“Como resultado”) vai de Deuteronômio 7:12 até 11:25. Nessa porção semanal da Torá Moisés relata eventos que aconteceram no deserto, incluindo o maná (8:2-5), o bezerro de ouro (9:15-21) e a morte de Aarão (10:6). Moisés descreve as bênçãos que Deus concederá aos israelitas se seguirem Sua Lei, e as punições que encontrarão se desobedecerem (11:13-17).

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A fidelidade traz bênçãos!

Israel é o povo de Deus! O Eterno havia escolhido seus antepassados e retirado seus descendentes de anos de serviço escravo no Egito antigo. Depois Ele os torna seu povo particular, justamente por isso tinha uma aliança com eles. Essa aliança envolvia a obediência de seu povo, enquanto o Todo Poderoso os abençoa por isso. Veja Dt 7:12-16.

Além disso, vemos que Deus não gosta de pessoas covardes e que vivem questionando ou duvidando de Seu poder. Moisés orienta o povo de Israel a se lembrar dos primeiros feitos de Deus para libertar seu povo, afim de que isso lhes sirva de encorajamento (7:17-24).

Moisés também continua alertando o povo contra o inclinar-se à idolatria, ensinamento que se prolongará por toda a Bíblia Sagrada (7:25-26; cf. 1 Jo 5:21; Ap 2:14,20; 21:8; 22:15).

Além do mais, o povo eleito também é ensinado a não desejar os objetos usados nos cultos idólatras, trazendo-os para dentro de suas casas, ou seja, para sua família; vide 7:26. Consequentemente, o povo não deveria imitar os costumes idólatras das nações,

A lição do man (maná).

Dissemos “man” e não “maná” porque o substantivo (nome) deste alimento que está escrito na Bíblia Hebraica é exatamente מן (man), e não maná. Na língua grega é que foi criado o substantivo μαννα (manna), na Septuaginta, a primeira tradução grega das Escrituras Hebraicas. Porém a palavra “man” significa “o que é isso”, e vem da raiz מה (mah), que quer dizer “o que, como, de que”. Quando os israelitas viram esse alimento cair do céu pela primeira vez eles perguntaram “o que é isso?”, que no hebraico é “man”, pois não sabiam o que era; veja Êxodo 16:15.

Aqui o povo de Israel tem uma de suas mais preciosas lições dadas por Deus, embora para isso tivesse que atravessar algumas provações. Deus ensina ao seu povo que Sua palavra é comparada a um alimento para o corpo, que deve ser consumido diariamente (cf. Dt 8:2-4).

Nosso mestre Ieshua, o filho de Deus, sendo o homem judeu mais obediente que já existiu, usa desta mesma passagem das Escrituras para resistir a uma cilada do inimigo, vide Mateus 4:4.

Em suma, nela o povo hebreu aprende que sua sobrevivência também está condicionada a alimentar-se da palavra de Deus, e naturalmente praticá-la.

Mesmo que o Eterno permita que seu povo atravesse situações difíceis e de escassez, não é para seu mal, senão para seu bem, para lhes ensinar preciosas lições e lhes aperfeiçoar no final das contas, mostrando que é necessário retirar de dentro de nós os maus sentimentos.

Por fim, aqui também nos lembramos do Salmo 119:92, que diz:

Se a tua lei não tivesse sido o meu prazer, há muito eu teria perecido na minha angústia.

A humildade mantém as bênçãos.

No capítulo 8, vs. 14-18 nós aprendemos mais uma lição muito importante. Os planos de Deus para seu povo é de prosperá-los, porém Moisés adverte-os que, quando isso acontecesse com eles na terra prometida, deveriam tomar cuidado para seu coração não se encher de orgulho e se esquecerem do Eterno, seu Deus.

Em outras palavras, o povo deveria manter-se grato a Deus por seus feitos libertadores entre eles, se recordando dos tais no decurso de sua história para sempre.

Nós vemos no final do capítulo 8 (vs. 19-20), mais uma vez, que a inclinação à idolatria traz maldições. Aqueles povos estavam sendo expulsos das terras onde habitavam porque, com suas crenças idólatras, traziam costumes perversos para o local, veja Dt 9:5, Lv 18;25-28.

É necessário reconhecer Deus em nossas lutas!

No capítulo 9:1-3, Moisés ressalta a força dos habitantes daquelas nações para o povo israelita. Ele mostra que eles eram mais forte que o povo de Deus agora, porém eles receberiam a vitória sobre esses povos se tão somente confiassem e reconhecessem que ADONAI estava indo à sua frente neste combate.

Moisés ainda ensina o povo a não ser orgulhoso, afirmando que é por seus méritos próprios que alcançariam a vitória sobre aquelas nações. Ele os recorda de seus comportamentos maus e ingratos para com Deus, e afirma que é unicamente pela fidelidade Dele, e por Seu juízo contra os pecados daqueles povos, que os exterminaria (vs. 4-6).

Logo, antes de começar nossas lutas, devemos reconhecer que Deus é nossa força para vencê-las, e pedir Suas orientações; e ao término delas, precisamos continuar honrando ao nosso Pai Eterno e nunca nos esquecermos que, como qualquer outro ser humano, também cometemos muitas falhas; por isso somos salvos pela misericórdia do Eterno (cf. vs. 7-29).

O amor é a base do relacionamento com Deus!

Depois de apresentar um breve histórico da caminhada do povo israelita desde que saiu do Egito até aquele momento, mostrando as infidelidades, dúvidas e queixas do povo contra o Eterno, Moisés começa a motivá-los e a despertá-los para o que Deus queria deles: seu amor! Vide 10:12-13.

Moisés destaca como os israelitas foram privilegiados ao receberem o amor Dele (vs. 14-15). E agora, em 10:16, Moisés relata pela primeira vez ao povo a circuncisão do coração, tema que será abordado em outros trechos das Escrituras (cf. 30:6; Jr 4:4; At 7;51). Essa também é uma das mais preciosas lições das Sagradas Letras, pois com ela o povo do Eterno é ensinado que sua caminhada para com Ele deve proceder de um coração sincero, e não de aparências apenas.

Por fim, ao destacar a grandeza de Deus, Moisés também relata sua justiça e seu amor para com os menos favorecidos, e afirma que Seu povo deveria imitá-lo (vs. 17-19).

As lembranças nos instruem e nos fortalecem.

O profeta ainda continua seu discurso afirmando que o povo de Israel deveria louvar somente ao Eterno, reconhecendo que só Ele é o Deus deles. E o que os motivaria a fazer isso eram as recordações de que eles viram as obras Dele por eles na terra do Egito. Além disso, essas mesmas recordações fortaleceriam o povo e os faria ter a certeza de que o mesmo Deus os levaria a possuir a terra que lhes estava prometida (cf. 10:21-11:9).

Ademais, na Parashá Eikev nós vemos ainda que a terra física é de grande valor para Deus, basta ver o capítulo 11:10-12. Mas para que a bênção de Deus não se afastasse dessa terra, Seu povo deveria se manter fiel a Ele, continuar amando-o e servindo-o com integridade, de todo coração, e jamais trocá-lo pelas divindades em que acreditavam as nações que seriam expulsas dali (cf. vs. 13-17).

Finalmente, para manter o amor leal de Deus dentro de si, Seu povo deveria para sempre lembrar-se de seus mandamentos e praticá-los, pois como já dissemos em outro momento, a responsabilidade da transmissão do conhecimento bíblico é do ser humano. Eram os pais que deveriam ensinar aos filhos e manter viva a recordação dos mandamentos do Eterno dentro de sua casa, bem como em seu próprio coração e em toda nação (vs. 18-21).

Estudos aprofundados da Torá:

Torá Interpretada (5 volumes) À luz dos ensinamentos do Rabino Samson Raphael Hirsch:

Leitura diária sugerida para a Parashá Eikev.

Por Gabriel Filgueiras

Nascido em fevereiro de 1989, natural de Magé, RJ. Formado em teologia pela Faculdade da 2ª Igreja Batista de Rio das Ostras (RJ); estudante da Bíblia em seu contexto original judaico com a Comunidade Judaica Netzarim do Pará, sob orientação do professor de Torá e rosh (líder de comunidade) Yoná Sibekhay. Sou um monoteísta gentio em busca do conhecimento do Sagrado e Divino através das Sagradas Escrituras, a Bíblia Sagrada. Para mais informações, visite a página "Sobre" no Blog bibliaseensina.com.br.

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