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Haftará Parashá

Resumo da Parashá Beshalah (Êxodo 13:17-17:16)

A Parashá Beshalah é a 16ª porção semanal da Torá no ciclo anual judaico de leitura. Beshalah, que significa “Quando Ele Soltou” em hebraico, descreve a abertura do Mar Vermelho (Mar dos Juncos) e a canção que os israelitas cantam ao atravessá-lo. No deserto, Deus adoça a água amarga e provê maná e codornas para alimentação de Seu povo. A porção termina contando a vitória dos israelitas contra um ataque dos amalequitas, e vai ao todo de Êxodo13:17 até 17:16.

A trajetória para fora do Egito.

O texto do livro do Êxodo que inicia a Parashá Beshalah inicia contando que Deus não conduziu os israelitas pelo caminho dos filisteus depois de saírem do Egito (vs. 17-18). Este, de fato, era um caminho mais curto para seu destino, no entanto o Soberano queria evitar uma precoce que poderia causar medo no povo e o desanimar. Ou seja, Deus queria os preparar primeiro! Isso prova que o Eterno não nos dá desafios sem antes nos ter preparado para enfrentá-los.

O v. 19 relata que Moisés levou consigo da terra do Egito os ossos de José, pois anteriormente, a cerca de 140 anos antes, ele já havia dito que Deus os tiraria dali, conforme lemos em Gn 50:25, então pediu que seus ossos fossem levados.

(Acesse nossa planilha cronológica pelo endereço biblia.pro.br/pcb).

Os vs. 20-22 afirmam que Deus ia adiante de seu povo, de dia e de noite. Ele ia numa coluna de nuvem de dia e numa de fogo a noite, para lhes iluminar o caminho. Assim, mesmo no deserto, Deus conduz o seu povo pelo caminho certo a se seguir.

A travessia do mar.

Em 14;2 Deus ordena que seu povo acampe em frente ao mar. Pelo contexto deduzimos que era o chamado Mar Vermelho, porque foi este que eles atravessaram em seguida. E aqui queremos compartilhar uma curiosidade que talvez alguns de nossos leitores já saibam. É que, nestes trechos, o texto bíblico original não diz exatamente “Mar Vermelho”, mas “Mar dos Juncos, que no hebraico é יָם סוּף (yam suf), basta ver Êxodo 15:4, por exemplo. É dessa forma que está traduzido na Bíblia de Jerusalém em vários trechos.

Ao acamparem-se na frente do mar, o povo israelita fica encurralado pelo exército do faraó, que vinha atrás deles para destruí-los. Na verdade, Deus já sabia que seu povo ficaria nessa situação, e mesmo assim orienta Moisés para acampar ali com o povo, não para fazê-los mal, mas para lhes dar um livramento e uma das maiores experiências que já tiveram com Ele no final das contas, que foi a travessia do Mar Vermelho, isto é, do Mar dos Juncos; veja Êx 14:5-30.

As vezes o Autor da vida nos entrega Ele mesmo a situações adversas para nos proporcionar depois experiências mais elevadas e sublimes com Ele.

Finalmente, depois de atravessar o mar e ver o exército inimigo morto pelas mesmas águas por onde passaram à pé enxuto, Moisés, Miriam e os israelitas entoam um cântico a Deus, conforme lemos em Êxodo 15:1-21.

As provações no deserto.

As vitórias concedidas ao povo de Deus não devem ser meramente experiências momentâneas, mas devem servir de memorial nas provações subsequentes da vida. É essa lição que aprendemos ao ver, pouco tempo depois da travessia pelo Mar dos Juncos, vários israelitas se queixando da momentânea escassez de água e comida em meio ao deserto (Êx 15:22-27). Muitos deles confiaram depois de ver o mar se abrindo, mas desconfiaram nas primeiras provações.

Pode ser difícil confiar em Deus em situações adversas ou de escassez, mas mesmo assim Ele gostaria que continuássemos confiantes Nele e obedientes ao que Ele nos diz, pois as provações vem Dele para nos aperfeiçoar, como percebemos nos vs. 25-26 de Êxodo 15.

O man (maná).

No capítulo 16 de Êxodo finalmente lemos a respeito do famoso maná, o pão do céu, que em hebraico se chama simplesmente “man”, significando “o que é isso?” Veja o v. 15 no hebraico.

Neste ponto vale destacar que foi sob murmurações do povo que Deus enviou tal comida (vs. 6-8). Porém Ele não a envia sem antes provar o povo, para ver se eles obedeceriam sua voz ou não. Na verdade, a partir deste ponto, Deus estava ensinando Israel que eles deveriam trabalhar por sua comida durante seis dias, e no sexto preparar alimento em dobro para descansar no sétimo dia, que foi santificado por Ele justamente para cessar do trabalho (vs. 4-5, 21-25).

Dos vs. 27-30 nós vemos que Deus estabeleceu um dia específico de descanso para seu povo, que mais tarde será atrelado ao dia da criação (do pôr do sol da sexta feira até o pôr do sol do sábado, vide Êx 20:10-11). Neste ponto queremos destacar que não consideramos sensatas as palavras daqueles que se atrevem a desmerecer tais palavras de Deus, afirmando que Sua Lei foi abolida por algo ou alguém.

O v. 35 deste capítulo de Êxodo afirma que os israelitas comeram o maná durante 40 anos, até chegarem à fronteira da terra prometida. Este verso provavelmente foi escrito por alguém posterior a Moisés, basta ver Js 5:10-12.

A água tirada da rocha.

O capítulo 17, vs. 1-16 de Êxodo finaliza a Parashá (Porção) Beshalah relatando a cena em que, em Refidim, o povo não encontrou água para beber, então começa a se queixar contra Moisés.

Aqui o líder israelita afirma que o povo estava colocando Deus à prova, isto é, provocando-o com tais queixas. Mas talvez seja com essa situação que o próprio Deus prova a resistência de Seu povo e sua perseverança em segui-lo e confiar Nele no decurso de sua vida.

Talvez possamos imaginar com quanta tristeza Deus deve ter ficado com relação a alguns indivíduos de seu povo naquele momento, pois se queixaram de terem sido tirados do Egito! (v. 3)

Com isso, Deus mostra que não gosta de pessoas mesquinhas que vivem se queixando da vida, sendo ingratas e esquecendo-se facilmente das coisas boas que já haviam recebido, duvidando até mesmo da companhia de Deus entre eles.

Por fim e milagrosamente, Deus tira água de uma rocha para dar de beber ao Seu povo. Ele tem um propósito maior em tudo que faz.

Obra recomendada para leitura da Porção Beshalah: Torá: a lei de Moisés, por Meir Matzliah Melamed.

Sugestões de leituras diárias para a Parashá Beshalah:

Obra sugerida para mais aprendizado do Livro do Êxodo: Abarbanel, vol. 2, Shemot.

Por Gabriel Filgueiras

Nascido em fevereiro de 1989, natural de Magé, RJ. Formado em teologia pela Faculdade da 2ª Igreja Batista de Rio das Ostras (RJ); estudante da Bíblia em seu contexto original judaico com a Comunidade Judaica Netzarim do Pará, sob orientação do professor de Torá e rosh (líder de comunidade) Yoná Sibekhay. Sou um monoteísta gentio em busca do conhecimento do Sagrado e Divino através das Sagradas Escrituras, a Bíblia Sagrada. Para mais informações, visite a página "Sobre" no Blog bibliaseensina.com.br.

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