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Resumo da Parashá Shoftim (Deuteronômio 16:18-21:9)

Last updated on 10/08/2023

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A Porção Semanal da Torá Shoftim (“Juízes”) discute diretrizes de liderança, começando com um comando para nomear juízes e continuando a detalhar as leis de reis, sacerdotes e profetas. Também descreve as leis relativas às cidades de refúgio para assassinos acidentais, falsas testemunhas, guerra e o rito realizado em um caso de assassinato não resolvido. Essa Parashá Shoftim começa em Deuteronômio 16:18 e vai até 21:9.

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As autoridades da nação.

Deus criou a nação de Israel para ser autossuficiente. Em vista disso, Moisés ordena que, ao finalmente tomarem posse da terra prometida, juízes deveriam ser estabelecidos em cada cidade israelita.

Porém, em Deuteronômio 16:18-20, lemos algumas características que deveriam ser inerentes dos homens colocados nessa ocupação:

  • Eles não poderiam distorcer o julgamento de uma causa, mas ser imparciais;
  • Não deveriam levar posições sociais em consideração na hora do julgamento, mas serem justos com ambas as partes;
  • Jamais aceitar suborno, porque isso cega os sábios;
  • Deveriam seguir a justiça em todo caso.

Nos versículo 8 até 13 do capítulo 17 Moisés fala sobre casos difíceis de julgamento e decisão por parte das autoridades locais. Nestas situações, a causa deveria ser levada até a liderança maior da nação, centralizada na cidade eleita (Jerusalém). Lá o assunto seria avaliado pelos sacerdotes e demais autoridades, e suas decisões deveriam ser seguidas.

(O modelo de constituir autoridades locais inspira alguns dos discípulos de Ieshua, veja At 14:23, 2 Tm 2;2 e Tt 1:5. Além disso, em 1 Co 6:1-8, Saul (Paulo) recomenda que os irmãos julgassem suas causas entre autoridades locais da comunidade. Também a liderança principal dos discípulos encontrava-se em Jerusalém, conforme relato de Atos 15:1-2. Em tudo isso vemos a influência da Torá na vida dos discípulos, como eles respeitavam a Lei de Deus e continuavam a segui-la como modelo para sua sociedade).

A abominação da idolatria.

Aserá, deusa cananeia.

A partir do cap. 16 v. 21 de Deuteronômio, Moisés dá mais advertências ao povo contra a idolatria. Ali é dito que nenhuma outra divindade deveria ser cultuada ao lado de ADONAI, o Deus de Israel. O texto bíblico cita Aserá, uma divindade cananeia.

Na verdade, Moisés já havia dito ao povo que seu culto/serviço deveria ser prestado somente a ADONAI, vide Deut. 6:13. Portanto, o Eterno estava requerendo de seu povo exclusividade!

(Ieshua, nosso Salvador, da mesma forma defendia que os fiéis devem prestar culto somente a ADONAI, veja Lc 4:8. Por isso, qualquer tipo de culto em que se adore outro ser, que não seja o Eterno, é estranho até mesmo para o Messias! E quem cultua qualquer outro ser como se fosse Deus, não obedece a um mandamento do próprio Messias)

Em 17:1 lemos que nenhum animal defeituoso deveria ser oferecido no altar do Eterno, pois isso soaria como uma ofensa a Ele. Infelizmente, em outros momentos da história israelita, isso acabou acontecendo, vide Ml 1:6-8.

Isso nos ensina que nosso serviço ao Santíssimo deve ser realizado com capricho e o máximo de atenção!

Por fim, a idolatria ao longo da Bíblia continua a ser um pecado muito grave, e por isso, mais uma vez, em 17:2-7, depois de certa investigação, é aplicada a pena de morte para tal prática.

O futuro rei de Israel.

Em Deuteronômio 17:14-20 lemos algo muito interessante dito por Moisés. É que ele afirma que, no futuro, os israelitas pediriam que um ser humano fosse seu rei, como eles viam acontecendo nas outras nações.

Ora, Moisés estava relatando essas palavras aos israelitas por volta do ano 1406 AEC, e tal predição de fato acontece próximo do ano 1050, isto é, cerca de 356 anos depois, quando Saul é ungido o 1º homem rei de Israel, a pedido do povo. Podemos ler estes acontecimentos a partir do 1º Livro das Crônicas de Davi (1Sm), capítulo 8.

Como se essa palavra profética não fosse o bastante, as orientações de Moisés para a realeza israelita se entrelaçam de modo preciso com um de seus reis, e na verdade um dos maiores: Salomão, filho de Davi.

É que em Deuteronômio 17 Moisés dá as seguintes orientações de como deveria viver o rei israelita:

  • O rei não deveria multiplicar cavalos para si;
  • Não deveria fazer os israelitas voltarem ao Egito para buscarem riquezas de lá;
  • Não deveria ter muitas mulheres (esposas);
  • Também não ser demasiadamente rico;
  • Deveria fazer uma cópia da Torá para uso e leitura pessoal (Dt 17:16-19).

Ao analisar a história de Salomão, vemos que, apesar de ter sido o rei mais sábio que Israel já teve, infelizmente fez o contrário de algumas dessas orientações mosaicas, como conferimos abaixo:

  • Fez aliança política com os egípcios (1 Rs 3:1);
  • Criou um amplo sistema de cobrança de impostos, e com isso enriqueceu muito (1 Rs 4:21; 12:4);
  • Multiplicou para si mulheres estrangeiras, que lhe perverteram e desviaram seu coração do Eterno (1 Rs 11:1-8).

Os direitos dos levitas.

A tribo de Levi era especial para Deus (e ainda é). Eles foram designados por Ele para o serviço sagrado de Sua tenda perante seus irmãos israelitas (cf. Nm 3:12,41, 8:18-19).

O Soberano então decidiu ser Ele mesmo a própria herança dessa tribo! Ou seja, quando os israelitas repartissem o território de Canaã entre si, os levitas não receberiam herança, pois esta para eles era Deus! (Dt 18:2)

Então, por não terem recebido heranças territoriais para plantarem e colherem, Deus determina que sua alimentação viria de seus irmãos. Eles comeriam das ofertas oferecidas no altar e dos dízimos das colheitas que eram consagrados a Deus (Dt 18:1,3-4; cf. Nm 18:21-24).

(O Deus Eterno e Soberano providencia o alimento de Seu povo! Mais tarde, os discípulos de Ieshua experimentaram a providência divina enquanto cumpriam sua missão de pregar a mensagem bíblica, vide Lc 22:35).

Práticas abomináveis a Deus.

Deuteronômio 18, a partir do v. 9, começa a descrever alguns costumes religiosos praticados pelas nações cananéias que o Eterno considerava como abominação. Ainda podemos ver reflexos de alguns desses costumes nos dias atuais, embora eles estejam apenas com uma roupagem e “propaganda” diferente, são na essência os mesmos.

A lista das abominações, que vai dos vs. 9 até 14, relata os seguintes costumes:

  • Queimar filhos em sacrifícios idólatras;
  • Praticar adivinhação ou superstição;
  • Praticar feitiçaria, bruxaria, encantamentos ou magia;
  • Consultar “os mortos” (necromancia);
  • Astrologia (consulta aos astros em busca do futuro ou conselhos) e coisas semelhantes a todas essas.

Neste texto, Moisés deixa claro ao povo de Israel que Deus detesta tais práticas, por isso Ele estava expulsando aquelas nações de suas terras (dentre outros motivos).

(Alguns desses costumes são relatados nos escritos dos discípulos do Senhor, veja Atos 8:9-11, 16:16-18, 19:13-19),

Esses ensinamentos da Torá nos mostram que toda maldade tem seu limite, e que viver deliberadamente contra a vontade do Criador por fim terá um alto preço a ser pago (vide Rm 6:23).

O profeta igual a Moisés.

Após narrar como que as nações de Canaã seguiam costumes abomináveis a Deus como consulta “aos mortos”, adivinhação por meio dos astros, encantamentos e etc. (Dt 18:9-14), Moisés adverte ao povo israelita que seguisse somente as orientações e os ensinamentos dos profetas do Todo Poderoso, porque eles sempre confirmariam a palavra Dele perante eles.

O próprio Moisés já era o principal dentre estes profetas. Porém, mesmo assim, ele afirma que o Eterno levantaria do meio deles mesmos um outro profeta semelhante, e ao tal os israelitas deveriam dar ouvidos; vide Dt 18:15-19.

(Ora, pouco mais de 1400 anos depois dos eventos com Moisés, este profeta ainda era aguardado pelo povo israelita, vide o relato de João 1:19-28).

Essa breve menção que Moisés faz desse futuro profeta dá as características que ele teria (consequentemente os outros profetas de Israel seriam o mesmo), vejamos:

  1. Ele deveria ser um israelita, isto é, seria levantado dentre o próprio povo escolhido por Deus (o profeta Sofonias possivelmente era etíope (cuxita) por seu lado paterno, veja Sf 1:1; cf 2:12, 3:10).
  2. Ele deveria ser fiel às palavras do SENHOR ensinadas a Moisés (por isso era semelhante a Moisés). Logo, qualquer profeta que pregasse contra essa Lei de Deus (a Torá ou Pentateuco), naturalmente não seria um profeta Dele, o povo de Israel não o ouviria (em vista disso, também não faz sentido dizer que “Jesus” – isto é, Ieshua, aboliu a Lei, como infelizmente afirmam alguns seguimentos religiosos, pois isso automaticamente o classificaria como um falso profeta; veja Mt 5:17-19).
  3. Este profeta receberia autoridade do próprio Deus para liderar seu povo, por isso Moisés afirma que os israelitas deveriam dar ouvidos a ele.

Os versículos finais de Deuteronômio 18 (20-22) dão advertências contra falsos profetas e contra aqueles que se atrevessem a falar em nome de ADONAI sem terem sido enviados por Ele. A sentença de morte ainda é aplicada àqueles profetas mensageiros de outras divindades. Finalmente, o povo do Eterno saberia se uma palavra proferida por um profeta era verdadeira ou não pelo cumprimento da mesma.

As cidades de refúgio.

Em Deuteronômio 19:1-13 lemos instruções a respeito das cidades de refúgio. Eram seis cidades no território israelita dedicadas exclusivamente para acolher pessoas que mataram alguém involuntariamente. Em Números 35:10-15 já haviam sido dadas algumas orientações a respeito disso.

Ambos textos expressam que Deus não queria que nenhum inocente morresse, pois não foi de propósito que feriu seu próximo de morte. Por isso, as cidades de refúgio serviriam para ele se proteger dos vingadores da vítima até que tivesse julgamento justo (Nm 35:12).

O texto segue, no v. 14, afirmando que nenhum israelita deveria se apropriar de território alheio, antes deveria respeitar o modo que a terra foi repartida por seus antepassados. Essa é uma simples lição que nos ensina a respeitar as coisas que pertencem aos outros.

Testemunhas para julgamento.

Em Deuteronômio 19:15-21, lemos a respeito da necessidade de haver duas testemunhas quando alguém fosse acusado de algum crime. O texto segue dizendo que deveria ser investigada a demanda de alguém que acusasse seu próximo e quisesse lhe aplicar castigo. Depois da investigação, alguma das partes deveria receber o castigo, o verdadeiro culpado ou o falso acusador. Isso ajuda a proteger que alguém viva contando mentiras e acusando o outro falsamente.

Finalmente, no v. 21, nós lemos a famosa frase: “olho por olho, dente por dente”. A intenção de castigar alguém com o mesmo mal que ele fez ao outro não era meramente por vingança sanguinária, mas por justiça. Isso serviria para refrear futuros males na nação.

A origem da frase “olho por olho dente por dente”.

Geralmente costuma-se dizer entre alguns críticos acadêmicos que Moisés teria copiado essa lei do Código de Hamurabi.

Hamurabi, rei da Babilônia, no século XVIII a.C., é o autor de 282 leis, que ficaram conhecidas como Código de Hamurabi, baseadas na lei de talião, pena antiga pela qual se vingava o delito, infligindo ao delinquente o mesmo dano ou mal que ele praticava. Olho por olho, dente por dente, era a base de qualquer justiça: “Se uma pessoa arrombar uma casa alheia, deverá ser condenado à morte e ser enterrado na parte da frente do local do arrombamento”. “Se alguém acusa o outro, mas não pode prová-lo, o acusador será morto”

Descoberto em 1901, pelo arqueólogo francês, Jacques de Morgan, nos arredores da antiga Susa, atual Tunísia, o Código de Hamurabi encontra-se hoje no Museu do Louvre, em Paris. (Fonte: Significados.com.br).

Será que o profeta do Criador teria realmente copiado essa lei?

Fontes históricas judaicas antigas relatam que, na verdade, a origem dessa sentença se dá no ano em que Adão, o primeiro ser humano, morreu, que foi aproximadamente no ano 930 da criação (veja Gn 5:5).

O Livro dos Jubileus, um dos achados arqueológicos dos Manuscritos do Mar Morto, registra o seguinte evento com Caim, filho de Adão, depois de sua morte, onde teria se originado a lei em questão:

Ao final deste jubileu, Caim foi morto após ele [Adão] neste mesmo ano; porque sua casa caiu sobre ele e ele [Caim] morreu no meio de sua casa, e ele foi morto pelas suas pedras; porque com uma pedra ele havia matado Abel, e por uma pedra foi ele morto em justo julgamento. Por essa razão foi ordenado nas tábuas celestes: “Com o instrumento com o qual um homem matou seu vizinho, com o mesmo ele deve ser morto; Do modo como feriu, do mesmo modo deve-se lidar com ele.”

(Livro dos Jubileus 4;31-34; tradução de L. F. S. Prado)

Portanto, é notável que essa lei, também chamada talião, surgiu no meio da população que viu o modo que Caim morreu, foi sendo transmitida oralmente de geração em geração, e possivelmente escrita pela primeira vez por Hamurabi, depois por Moisés. Mas ela não é criação de um nem de outro, porém tornou-se simplesmente um dito popular quando viram o modo que o primogênito de Adão morreu, então pode ter se tornado um costume de alguns povos para julgarem certas causas.

Leis para as guerras.

No capítulo 20 de Deuteronômio Moisés registra uma série de leis relacionadas à guerra. Ele afirma que o povo israelita não deveria ter medo diante de seus inimigos, ainda que estes parecessem mais fortes ou em vantagem, mas deveriam se recordar que com eles estava o Deus que os tirou milagrosamente das terras do poderoso Egito antigo.

Os vs. 5 a 7 deste capítulo descrevem o direito que os soldados tinham de desfrutar de uma casa recém construída, uma vinha recentemente plantada ou caso ele fosse recém casado, para não acontecer dele morrer na guerra e não poder gozar de seus bens.

O v. 8 descreve que os covardes e medrosos não deveriam estar presentes no combate, a fim de que não amedrontasse os demais soldados também.

Os vs. 10-15 descrevem que Deus poderia entregar aos israelitas outras cidades mais distantes, que não fossem do território de Canaã. Neste caso, poderia ser proposto, antes da guerra, um acordo de paz. Caso o acordo não fosse aceito, a cidade deveria ser tomada e seus homens mortos, porém mulheres e crianças poderiam ser tomadas como despojo da guerra.

No entanto, as nações de Canaã deveriam ser completamente destruídas, sem acordo de paz; vide vs. 17-18.

Finalmente, o capítulo 21:1-9 conclui a Parashá Shoftim descrevendo como os israelitas provariam sua inocência de uma morte cuja causa fosse desconhecida.

Sugestão de leitura diária para a Parashá Shoftim.


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