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Resumo da Parashá Mishpatim (Êxodo 21:1 até 24:18)

Last updated on 16/02/2023

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A Parashá Mishpatim é a 18ª porção semanal da Torá no ciclo anual judaico de leitura. Mishpatim, que significa “Leis” em hebraico, relata uma série de leis diversas que Deus manda Moisés dar aos israelitas. Isso inclui leis sobre tratamento de escravos, danos, empréstimos, devolução de propriedades perdidas, sábado, ano sabático, feriados e destruição da idolatria. A porção termina quando Moisés sobe ao Monte Sinai por 40 dias. Ao todo, abrange Êxodo 21:1 até 24:18.

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Os direitos dos escravos.

Algumas pessoas são críticas à Bíblia quando esta fala de “escravidão”. Elas alegam que Deus permitiu tal maldade para com as pessoas. No entanto, isso é fruto de uma leitura rasa e superficial, pois dentre o povo criado por Deus, Israel, os escravos tinham diretos!

Por exemplo, o texto de Êxodo 21:1-6 revela que um escravo israelita só poderia servir por 6 anos, mas deveria ser liberto no sétimo. Ou seja, o “escravo”/servo tinha direito à liberdade! Além disso, se ele tivesse família, deveria partir com ele. Porém ele também poderia escolher ficar com seu senhor, o que indica que ele não era mal tratado.

Já os vs. 7-11 falam dos direitos de uma mulher que é vendida como escrava. O texto diz que a mulher poderia até mesmo se tornar da família de seu senhor. O que acontece aqui são regulamentações sobre questões culturais antigas para que não houvesse injustiças no tratamento destes servos.

Nos vs. 26-27 há mais leis condenando a violência contra escravos e ordenando seus direitos caso venham a sofrê-la. O v. 32 complementa essas leis de direito dos escravos neste capítulo afirmando que um senhor deveria ser indenizado caso seu escravo fosse violentado por algum animal que tivesse um dono. A indenização não seria (também) para pagar os custos de possíveis tratamentos médicos?

Leis a respeito do homicídio e da violência.

No v. 12 de Êxodo 21 é ordenada a pena de morte para os crimes de homicídio. Em Gênesis 9:6, quando deu leis para toda a humanidade, Deus já havia ordenado ao ser humano respeitar a vida um do outro, bem como a punição com a própria morte para os crimes de homicídio.

(Para mais detalhes, veja o estudo “A aliança de Deus com Noé e as 7 leis universais“, no blog Bíblia se Ensina).

Se uma pessoa matasse a outra sem querer, então havia um escape para tal situação, mas se foi intencional, a pena aplicada era a morte (vs. 13-14). Isso prova o quanto Deus valoriza a vida de cada ser humano e ninguém deveria matar seu próximo por motivos fúteis ou egoístas.

No v. 15 também é aplicada a pena de morte para quem agisse com violência contra seus pais, e o 17 a aplica para quem os amaldiçoasse. Já o v. 16 aplica a pena de morte para o sequestro.

Os vs. 18-25 aplicam várias regulamentações para outras ações de violência, seja numa briga entre dois homens, ou contra escravos. Este trecho ainda relata punições para quem ferir uma mulher grávida.

Agora, nos vs. 24-25 de Êxodo 21, lemos a famosa frase “olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé…”. Uma leitura desatenta sugere que o texto trata-se meramente de vingança. Porém, analisando seu contexto, percebemos que em primeiro lugar deve se ter respeito pela vida do semelhante, e não atentar contra ela, mas caso isso aconteça, a justiça deverá ser aplicada. Leia mais a respeito dessa chamada “Lei do Talião” no respectivo estudo no blog Bíblia se Ensina.

Os 28-32 ordenam punições até mesmo nos casos em que o animal de alguém fere uma pessoa. Os vs. 33-36 encerram o capítulo determinando o que deve ser feito no caso de animais serem prejudicados por ações humanas ou de outros animais;, o capítulo 22 continua tratando de leis com relação aos animais, até o v. 5.

O cuidado com as propriedades do próximo.

Na Torá não foi ordenado somente o respeito à vida do ser humano e dos animais, como vimos no capítulo 21 de Êxodo. Mas agora, a partir do v. 6 do capítulo 22, também será ordenado que cada um respeite as propriedades de seu próximo. Na verdade isso já estava implícido no último dos dez mandamentos, que ordenava não cobiçar os bens de alguém (Êx 20:17).

Os vs. 2-4 de Êxodo 22 determinam as punições que um ladrão sofreria caso roubasse uma propriedade ou um animal de alguém. Já os vs. 5-6 determinam punições para aquele que deixar seu animal comer nos campos do outro, ou como deveria ressarci-lo em casos de incêncio, por exemplo.

Os vs. 7-15 ressaltam a responsabilidade que cada um tem de cuidar dos bens do outro e de compensá-lo em casos de prejuízo.

O v. 16 de Êxodo 22 abre este trecho abordando o caso em que um homem seduz uma virgem e ela, se deixando seduzir, deita-se com ele. Neste caso o homem deveria pagar o dote por ela e tomá-la como esposa. O v. 17 complemente essa situação dizendo que o pai da moça poderia recusar dá-la em casamento. Se fosse este o caso, mesmo assim o homem que a seduziu deveria lhe pagar o dote.

Diversas leis.

Agora, a partir do v. 18 de Êxodo 22 até o 23:9, pelo menos, leis diversas são ditas. Aqui vai um resumo delas.

  • A feitiçaria é punida com pena de morte na terra de Israel (v. 18);
  • Relações sexuais com animais também são punidas com a morte (v. 19);
  • Sacrifícios eram permitidos somente ao ETERNO, o Deus de Israel. O contrário era punido com a morte (v. 20);
  • Estrangeiros, órfãos e viúvas não deveriam ser maltratados de forma alguma nas terras de Israel! (vs. 21-24);
  • Deveria se ter misericórdia dos pobres e ajudá-los, sem jamais extorqui-los ou se aproveitar deles de alguma forma, pois Deus os defenderia! (vs. 25-27);
  • É proibido insultar a Deus ou amaldiçoar uma autoridade do povo (v. 28; cf. At 23:1-5; Lc 12:10);
  • Deveria-se ofertar o melhor das colheitas e os primogênitos dos animais a Deus (vs. 29-30; cf. Pv 3:9-10);
  • É proibido comer carne de animais que não tenham passado pelo devido abate (v. 31).

Esse último versículo deixa claro que a prática dessas leis definiam a santidade do povo de Deus. Para mais detalhes a respeito disso, verifique o estudo “O que é ser santo de acordo com as Escrituras Sagradas“, no blog Bíblia se Ensina.

O descanso do solo e do povo de Deus.

Em Êxodo 23:10-11, a Bíblia menciona um mandamento de Deus que é obedecido até hoje em Israel, e só em Israel! É que durante 6 anos o ser humano deveria trabalhar no cultivo do solo, nas plantações. Porém, no sétimo, ele deveria deixar a terra descansar. Além disso, é permitido que os pobres comam, do qualquer terreno, o que a terra gerar naquele ano, bem como os animais as sobras.

De modo similar, no v. 12 deste mesmo capítulo, Deus repete ao seu povo o descanso semanal que deveriam praticar. Seis dias eles devem trabalhar, mas no sétimo deveriam descansar, bem como seus servos/empregados, seus animais e os estrangeiros que estivessem nas terras de Israel. Naturalmente, este dia tem conexão com o sétimo dia em que Deus “descansou’ (cessou) de sua obra, a criação de nossa galáxia e do planeta Terra (veja Êx 20:10-11).

As festas de Deus para o Seu povo.

A partir do v. 14 de Êxodo 23, Deus dará ordens ao seu povo que determinadas festas sejam celebradas em honra a Ele. Essas festas, naturalmente, recordam Seus feitos em favor de Seu povo, e eles deveriam preservá-las, celebrando-as em suas gerações e mantendo viva a memória das obras de Deus para salvar seus escolhidos.

No v. 15 Deus descreve que a primeira festa a ser celebrada é a dos pães sem fermento (a Pêssah ou Páscoa do êxodo). Por sete dias seu povo deveria se alimentar de pães sem fermento, como anteriormente havia sido ordenado, em Êxodo 12:15-20. Essa celebração recorda o dia em que Deus tirou o povo de Israel da escravidão sofrida no Egito antigo, e por isso eles deveriam celebrar tal evento no dia determinado, que é do dia 14 do mês de abib/nissan, até o dia 21 do mesmo mês.(Êx 12:18).

(Veja também o estudo “O que é a Páscoa bíblica“, no blog Bíblia se Ensina).

O povo de Israel segue celebrando este evento até a presente data, obedecendo o que Deus determinou para o Seu povo.

No entanto, algumas religiões, que dizem servir ao ETERNO, se desfizeram deste evento, o que se configura uma tentativa de descaracterizar aquilo determinado por Ele como identidade de seu povo. Vale ressaltar também que o próprio Jesus/Yeshua viveu fielmente esta celebração durante toda sua vida, primeiro com seus pais, sua família e depois com seus discípulos. E ele foi fiel a isso até a última noite de sua vida, aos seus 33 anos, quando foi traído por um discípulo e entregue à morte por uma elite religiosa partidária política, basta ver os relatos de Lc 2:41-42; 22:7-16, Mc 14:12-16 e Mt 26:17-19 (cf. 1 Co 5:7-8). Não obstante, e infelizmente, certa classe de líderes religiosos antigos foram adiante e distorceram o ato que ele fez em sua última noite, o transformando em outro evento, o qual foi legado ao mundo religioso das eras seguintes; um evento divorciado do povo dele, de sua identidade e dos mandamentos determinados por Deus para esta celebração (cf. Nm 9:1-3).

Na continuidade do texto de Êxodo 23, no v. 16, Deus também ordena que seja celebrada a Ele a festa das primícias, também conhecida como festa das semanas (shavuot). Nas bíblias comuns, provenientes do texto grego, essa festa foi vertida como “Pentecostes“. Aliás, essa festividade também continuou a ser celebrada pelos discípulos de Jesus/Yeshua, vide At 20:16 e 1 Co 16:8, por exemplo. Além dessa festa, também é mencionada a festa das colheitas no texto de Êxodo abordado aqui.

Eram três festas anuais de peregrinação para Jerusalém (Êx 23:17). Os vs. 18-19 dão mais orientações a respeito destes eventos.

O mensageiro de Deus.

A palavra hebraica מלאך (mal’akh), majoritariamente traduzida como “anjo” nas bíblias comuns significa, na verdade, mensageiro/representante. Portanto, em Êxodo 23:20 Deus diz ao seu povo: “eis que eu envio meu mensageiro/representante diante de vocês” (הִנֵּה אָנֹכִי שֹׁלֵחַ מַלְאָךְ לְ פָנֶיךָ / hineh anokhi sholehah mal’akh le faneykhah).

Este mensageiro/representante guardaria o povo pelo caminho e o levaria até o local que Deus os faria herdar. Deus diz que o Nome Dele (bendito seja) estaria neste mensageiro/representante, e por isso o povo deveria ouvi-lo e obedecê-lo, pois não perdoaria os que fossem rebeldes. Não é este o mensageiro/representante que Josué encontra mais tarde? Vide Js 5:14-15.

Os representantes/mensageiros de Deus, chamados “anjos”, que muitas vezes tinham aparência humana, podiam falar em Nome Dele, em 1ª pessoa, como se fosse Ele mesmo presente no local, bem como seus profetas fizeram não poucas vezes.

Era por meio destes representantes que Deus se comunicava com os seres humanos, veja por exemplo Gn 16:7-10, 22:11-18, Êx 3:2-6, Is 10:24-25, Jr 2:2, Ez 5:7.

Ainda hoje Deus certamente fala conosco por meio de seus representantes ou mensageiros celestiais, e de diversas formas. O chamado Dele foi sempre para o ouvirmos e obedecermos, para o nosso próprio bem (cf. Dt 30:9-11).

No restante do capítulo de Êxodo 23, isto é, dos vs. 24-33, Deus promete bênçãos ao seu povo, desde que o obedecessem e não se associassem aos deuses daquelas nações cananéias e aos seus costumes perversos e idólatras.

Para servirmos ao ETERNO, que é o único Deus vivo e verdadeiro, portanto, devemos abandonar a idolatria e costumes mantidos por religiões e crenças diversas, aqueles que são contrários aos mandamentos Dele. Alem disso, vale ressaltar que o contexto dessa determinada passagem bíblica deixa claro que Israel é o povo que Ele escolheu para representá-lo e apresentar suas leis ao mundo! (cf. Sl 147:19-20) Por isso, para segui-lo, em um momento ou outro, mais cedo ou mais tarde, temos que nos unir ao Seu povo!

O encontro do povo com Deus.

Em Deuteronômio 24, Moisés sobe ao monte Sinai para encontrar Deus novamente. Ele leva alguns dos líderes de Israel. Porém, por ordem do próprio Deus, só ele subiu adiante para perto do Criador (vs. 1-3).

A Bíblia agora revela Moisés como aquele que escreveu os mandamentos de Deus e os leu para seu povo naquela ocasião. O povo confirma que obedeceria ao Senhor Supremo, e depois de sacrificar alguns animais, Moisés usa o sangue deles, aspergindo sobre o povo, para simbolizar a aliança deles com Deus (vs. 4-8).

Agora, os vs. 9-11 descrevem que Moisés e aquele grupo de líderes israelitas subiram o monte apos o sacrifício e juramento, e eles viram ao Deus Eterno, e Ele não os castigou por isso. Porém, só os pés Dele são descritos na cena. Talvez eles só tenham visto isso de fato.

Os vs. 12-18 encerram a Parashá (Porção) Mishpatim descrevendo um encontro seguinte que Moisés teve com Deus no monte Sinai. Desta vez era para receber diretamente Dele as tábuas de pedra onde Ele mesmo escreveu suas 10 palavras (seus 10 pronunciamentos ou 10 mandamentos).

O quanto temos valorizado as lembranças deste evento único na história da humanidade? Evento este cuja memória é preservada por um povo que por diversas vezes quase foi destruído ao longo da história, mas eis que hoje se fortalece, dando cumprimento às promessas de Deus. O quanto temos valorizado os mandamentos de Deus envolvendo toda essa cena? Se nos chamamos povo de Deus, não deveríamos prestar-lhe obediência do modo que Ele determinou?

Obra sugerida para leitura da Parashá Mishpatim: Torá: a lei de Moisés, por Meir Matzliah Melamed.

Sugestões de leituras diárias para a Parashá Mishpatim.

Obra sugerida para mais aprendizado com as porções semanais da Torá: Torati – o Seu Dia a Dia Conforme o Pentateuco, por Jorge Dzialowski Diaconescu.


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