Last updated on 17/08/2023
Parashá Ki Teitzei é a 49ª porção semanal da Torá no ciclo judaico anual de leitura. Ki Teitzei (“Quando Você Sair”) contém inúmeras leis, mais do que aparecem em qualquer outra porção da Torá. Isso inclui leis sobre o tratamento de uma mulher cativa, devolução de objetos perdidos, misturas proibidas, construção de um muro no terraço, estupro, garantias e salários dos trabalhadores, dentre outras. Essa porção vai de Deuteronômio 21:10 até 25:19.
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O tratamento com as mulheres cativas.
Num contexto das guerras antigas poderia ser que, mediante a vitória dos israelitas sobre seus inimigos, um dos soldados gostasse de alguma mulher da nação vencida em combate. O texto de Deuteronômio 21:10-14 nos informa que ele poderia tomar tal mulher como sua esposa. No entanto, alguns deveres e direitos estavam estabelecidos caso quisesse fazer isso.
- A mulher deveria rapar a cabeça e cortar as unhas;
- Também deveria deixar de usar as roupas que usava quando capturada;
- Ela seria levada para a casa do israelita interessado;
- Ficaria de luto um mês por seus parentes;
- Após o período de luto ambos poderiam se casar.
- Se quisesse, o homem poderia se divorciar dela, mas a deixaria livre; não poderia vendê-la a outro nem a tratar como escrava.
(Obs.: Se tiver dúvidas sobre o divórcio na Bíblia leia nosso estudo no blog Bíblia se Ensina).
A poligamia na Bíblia.
Muitas pessoas não gostam de falar disso ou criam justificativas para negar que a poligamia é permitida na Bíblia, isto é, na Torá (Lei de Deus).
Ela não só era permitida, mas também tinha certas legislações para sua prática. O texto de Deuteronômio 21:15-17 deixa claro que um homem poderia ter duas mulheres. No entanto, caso seu filho primogênito fosse da mulher que gostasse menos, ele não poderia passar os direitos de primogenitura para o filho daquela que mais gostasse, antes deveria ser justo e considerar como primogênito aquele que de fato era seu primeiro filho.
Tanto é verdade que Deus permitiu aos homens da Bíblia terem mais de uma esposa que, um dos mais conhecidos, o rei Davi, teve várias. Vejamos abaixo uma lista baseada em 1º Crônicas 3:1-9.
- Ainoã, a jezreelita;
- Abigail, a carmelita;
- Maaca, princesa de Gesur;
- Hagite;
- Abital;
- Eglá;
- Batesheva;
- E outras concubinas.
Conforme vemos acima, o homem segundo o coração de Deus teve pelo menos 7 esposas, além das concubinas, e o texto de 2 Sm 12:8 diz que foi o próprio Deus quem deu todas elas a ele.
Outro homem conhecido na Bíblia que teve duas esposas foi Elcana, vide 1 Sm 1:1-2. Talvez este costume viesse da antiguidade, por isso a Torá permitiu tal prática. Haja vista que Jacó teve 4 mulheres (Gn caps. 29 e 30), Abraão duas (sendo uma a concubina; Gn 16:1-6); e ainda antes do dilúvio, Lameque teve 2 (Gn 4:19).
Mas queremos ressaltar que, com isso, não estamos querendo incentivar tal prática, mas só mostrando uma realidade cultural mencionada na Bíblia.
(Para mais informações, veja um histórico sobre poligamia no Blog Bíblia se Ensina).
Por fim, os vs. 18-21 deste mesmo capítulo de Deuteronômio continuam falando a respeito dos filhos. Ali é aplicada a pena de morte para os filhos rebeldes, obstinados e impenitentes.
A condenação no madeiro.
Os vs. 22-23 de Deuteronômio 21 falam a respeito das pessoas condenadas à morte que forem “penduradas num madeiro”. Seu corpo não deveria ficar pendurado até o dia seguinte pois, como diz o texto, aquele que é pendurado no madeiro é um maldito de Deus.
Um comentário do Rashi diz que uma pessoa que sofre esse tipo de morte é uma degradação do Rei Divino, pois o homem é feito à Sua imagem e os israelitas são Seus filhos. Isto seria uma parábola. Pode ser comparado ao caso de dois irmãos gêmeos que se assemelhavam muito: um tornou-se rei e o outro foi preso por roubo e enforcado. Quem o viu na forca pensou que o rei foi enforcado (Sanhedrin 46b).
(Paulo de Tarso, cujo nome original é Shaul (Saul), menciona na carta aos gálatas (3:13) que Ieshua se fez maldição de Deus ao ser pendurado no madeiro. A finalidade era resgatar os crentes das maldições contidas na Torá, decorrentes de sua desobediência. Ou seja, ele capacita seus seguidores a obedecerem a Torá para não serem amaldiçoados. Outra semelhança com o texto de Deuteronômio 21:23 está no fato de certos judeus pedirem que o corpo de Ieshua fosse retirado do madeiro no mesmo dia, vide João 19:31-33).
Leis diversas.
Deuteronômio 22:1-3 nos ensina o cuidado que devemos ter com os bens alheios que foram perdidos. Jamais devemos tomar posse das coisas de outras pessoas quando há a possiblidade de devolvê-las. No v. 4 é mencionado o cuidado que se deve ter até mesmo com os animais feridos de um conhecido.
O v. 5 destaca algo interessante: as mulheres não devem usar roupas masculinas, nem homens usar roupas femininas. Infelizmente, muitas pessoas, talvez por desconhecerem a Torá (Lei de Deus) ou por ignorá-la, desobedecem a tal mandamento. Porém dentre seu povo, Israel, ou outros fiéis não israelitas tementes a Deus, isso não pode acontecer. Ou seja, a mulher deve preservar e transparecer sua feminilidade, enquanto o homem sua masculinidade.
Uma lei de certa medida de preservação dos animais é explicada nos vs. 6-7, onde é proibido a um israelita pegar uma ave com seus filhotes no ninho; somente os filhotes lhe era permitido capturar.
Outra lei diz respeito às pessoas que constroem terraços em suas casas. Elas deveriam construir também paredes de proteção neles, para evitar serem culpados de quedas acidentais (v. 8).
(Os relatos dos discípulos de Ieshua mencionam um homem que caiu de uma parte alta de uma casa enquanto Saul (Paulo) fazia um sermão; veja Atos 20:6-12).
A proibição de misturas.
Ao cultivar uma terra, não deveria se misturar dois tipos de sementes no mesmo terreno, nem colocar animais diferentes para lavrar; vs. 9-10.
Os israelitas também não deveriam misturar lã e linho na costura de uma roupa.
A Bíblia de Jerusalém explica que essas proibições possivelmente eram uma advertência contra a magia, que misturava vários elementos (cf. Lv 19:19). Mas também diz que tais misturas poderiam introduzir a desordem na criação, cujos elementos foram separados por Deus; vide Gênesis 1:11-12,20-21,24-25.
Além disso, o povo do Eterno também deveria usar franjas em suas roupas (vs. 11-12), hoje conhecidas como tsitsit.
Em suma, todas essas coisas tratam-se da identidade e costumes de um povo, como qualquer outro tem.
Regras matrimoniais.
Os versículos 13 a 21 de Deuteronômio capítulo 22 regulam algumas situações de casamento. Em suma, aprendemos neste trecho que tanto o homem e a mulher devem ser honestos um para com o outro antes de se casarem e dizerem sempre a verdade a respeito de si. A honestidade, obviamente, também deve permanecer após contraírem o matrimônio. Ou seja, manter o casamento é um mandamento divino!
O v. 22 aplica a pena de morte para o adultério, algo já proibido nas dez palavras (dez mandamentos); cf. Êx 20:14.
Os vs. 23-29 de Deuteronômio 22 aplicam a pena de morte para estupradores ou mulheres noivas que não gritam por socorro quando um homem tenta violentá-la sexualmente. Também obriga um homem a se casar com uma mulher virgem se forçá-la a ter relações com ele.
O v. 30 encerra essa sequência de leis proibindo um homem de se deitar com a mulher de seu pai, isto é, sua madrasta.
(Um caso assim aconteceu em um dos relatos dos discípulos de Ieshua; cf. 1 Cor 5:1-6).
Aqueles que podem entrar na congregação de Deus.
Em Deuteronômio 23:1-7 são reguladas as pessoas que poderiam participar dos ajuntamentos (cultos) a ADONAI. Os que não poderiam participar eram:
- Homens com testículos danificados por contusão;
- Algum homem com pênis cortado;
- Filhos ilegítimos;
- Descendentes de Amom e Moabe.
Os descendentes de Esaú e os egípcios poderiam entrar na congregação.
A higiene no acampamento militar.
Os vs. 9 a 14 de Deuteronômio 23 trazem um relato interessante a respeito de hábitos higiênicos que deveriam ser preservados no acampamento militar israelita. Seus deveres eram:
- Os homens que tivessem polução noturna deveriam sair do acampamento, tendo que se lavar antes de voltar;
- Os homens deveriam defecar em um local fora do acampamento e cobrir suas fezes com terra.
O v. 14, finalmente, classifica tais hábitos higiênicos como a santidade do povo. Pois Deus andava em seu acampamento para livrá-los, por isso o local deveria estar limpo e higienizado.
Portanto, ser santo também é ser limpo!
(Para mais informações sobre santidade, leia o estudo “O que é ser santo de acordo às Escrituras Sagradas” no blog Bíblia se Ensina).
Mais leis acerca da escravidão.
Já vimos na Porção Re’eh, em Deuteronômio 15:12-18, que a escravidão na Bíblia não é como as demais que geralmente imaginamos, onde os escravos sofriam muitos maus tratos por seus senhores e eram submetidos a trabalhos pesados.
Agora, em Deuteronômio 23:15-16, lemos também que os escravos fugitivos de senhores não israelitas não deveriam ser devolvidos e tão pouco serem maltratados. Naturalmente, imagina-se que o escravo havia fugido por maus tratos.
(Paulo, ou Saul no hebraico, escreve a carta a Filemom suplicando o perdão dele para um de seus escravos que havia fugido após cometer um delito).
Proibição à prostituição religiosa.
Nos vs. 17-18 deste mesmo capítulo lemos a proibição da prostituição cultual, praticada em certas religiões das nações. Ali é dito que até o dinheiro que prostitutos manuseavam era abominável para Deus. Várias eram as religiões que praticavam isso, como vemos na narrativa deste livro a seguir:
A prostituição sagrada não era exclusividade de gregos; era praticada amplamente no culto de Ishtar, na Mesopotâmia, na Anatólia e nas cidades cananeias, especialmente na Fenícia. Na Grécia, a prática estava vinculada diretamente ao culto de Afrodite, deusa do amor. As principais devotas da deusa, claro, eram as prostitutas, que enfatizavam a força carnal da deusa. Havia templos de Afrodite em diversas localidades, sendo o mais importante deles o de Corinto.
Os Outros da Bíblia, por André Daniel Reinke, pág. 223, versão Kindle
(Um dos principais discípulos do mestre Ieshua também escreveu contra este tipo de prostituição, basta ver 1 Co 6:15-20).
Os vs. 19-20 ensinam que os israelitas, ao emprestarem dinheiro, não deveriam cobrar juros quando fosse um compatriota. Eles poderiam cobrar somente dos estrangeiros.
Os votos feitos a Deus.
Agora, nos vs. 21-23 de Deuteronômio 23 lemos algumas coisas a respeito de votos que os homens fazem a Deus. Essas coisas são repetidas ao longo das Escrituras. Possivelmente se cada um de nós fôssemos comentar isso, todos teríamos experiências para contar de alguém que fez um voto e não cumpriu, então se submete a fazer algo mais difícil ainda para pagar pela falta. Quem sabe nós mesmos já atravessamos essa experiência também.
Porém estes versículos deixam claro a seriedade que devemos ter para com nossos votos a Deus. Ou seja, se votarmos, devemos cumprir!
No entanto, o texto também deixa claro que deixar de fazer um voto não é pecado. Na verdade, é melhor que não se faça voto do que votar e não cumprir, conforme lemos no v. 22. Isso se repetirá por outros trechos das Escrituras, como Eclesiastes 5:4-6 e Mt 5:33-37.
Deuteronômio 23 encerra com uma lei humanitária. Os versículos 24 e 25 dizem que se alguém estivesse com fome, poderia entrar numa plantação de um compatriota israelita e comer o que lhe bastasse, mas não deveriam levar nada de lá.
(Isso é interessante porque os discípulos de Ieshua certa vez foram acusados de fazerem algo supostamente proibido no dia do shabat, isto é, colher espigas para comer; cf. Mt 12:1+, Mc 2:23+ e Lc 6:1+. Mas como vemos no texto acima, nenhuma proibição havia quanto a isso, pois tratava-se de uma lei humanitária, e a preservação da vida é vista com grande importância na Torá).
Leis matrimoniais e o divórcio na Bíblia.
O capítulo 24 de Deuteronômio começa abrindo com um assunto que tem sido polêmico ao longo da história: o divórcio na Bíblia!
Os versículos 1 até 4 regulam algumas leis concernentes ao divórcio. Ou seja, de certa forma o divórcio é sim permitido na Bíblia, no entanto isso não quer dizer que seja uma coisa boa e que se deva fazê-lo como algo natural. Nós vemos isso porque o versículo 4 proíbe a mulher de voltar para seu primeiro marido após ter se divorciado de um segundo, sendo isso um ato abominável. Ou seja, o divórcio não é algo divertido; na verdade ele é um desastre familiar!
Mas então por que a Bíblia permite o divórcio aqui em Deuteronômio 24:1? Naturalmente, porque se um homem não se agradasse da mulher com quem se casou, pode ser que ela ficasse sofrendo maus tratos por parte dele. Neste caso, seria melhor dar a ela uma carta de divórcio e despedi-la do que ficar maltratando-a toda a vida.
(O mestre Ieshua chega a explicar que Moisés permitiu dar carta de divórcio devido a dureza do coração do ser humano, vide Mc 10:5+. Ou seja, se o divórcio foi permitido por causa da dureza do coração do ser humano, então é porque este não é algo bom. O Mestre também segue explicando no mesmo texto que desde o princípio Deus os fez para formarem sua família e terem uma união inseparável, sendo este o ideal, e não aquele).
Através do profeta Malaquias Deus também revela que não gosta do divórcio, bem como de injustiças e maus tratos contra as mulheres, veja cap. 2:13-16.
As leis matrimoniais são finalizadas aqui no capítulo 24 dando o direito de o homem recém-casado não ir à guerra por 1 ano (v. 5).
Compaixão para com os pobres.
O versículo 6 de Deuteronômio 24 pode ser difícil de se entender em algumas traduções bíblicas, caso não se tenha conhecimento do contexto da situação. Mas vamos transcrevê-lo abaixo na Bíblia Sagrada Versão Fácil de Ler (VFL), que o interpretou bem (ao nosso ver):
—Ninguém deverá pedir como garantia de um empréstimo as pedras de um moinho de trigo. Nem a pedra de cima nem a de baixo. Isso seria tirar ao pobre o que ele precisa para sobreviver.
Em nota de rodapé, essa mesma tradução bíblica explica: Em cada lar, a esposa moía a farinha utilizando as duas pedras do moinho.
Vendo por esse lado, entendemos que esta lei é um mandamento humanitário, e na verdade até mesmo um teste de compaixão.
Os vs. 10-13 voltam a relatar o procedimento para com os pobres que tomassem algo emprestado de outro. Neste caso (e simplificando), aquele que emprestou algo ao pobre não deveria abusar dele ao possuir um de seus bens como penhor para pagamento da dívida.
Os vs. 14-15 advertem para que o salário dos pobres fosse pago imediatamente após sua prestação de serviços. Do contrário ele poderá clamar contra seu patrão a Deus, então Ele o cobraria de sua negligência.
Os vs. 17-18 acrescentam preocupações humanitárias. Aqui é dito que estrangeiros, órfãos e viúvas pobres não deveriam ser oprimidos ou deixados sem nada caso devessem algo. O sentido da compaixão é considerar a dor do outro a sua própria.
Por fim, os vs. 19-22 encerram este capítulo com mais orientações de se fazer caridade aos pobres.
Algumas penas de morte e o respeito às autoridades.
O v. 7 de Deuteronômio 24 aplica a pena de morte para sequestradores de compatriotas israelitas.
No que diz respeito a pecados de pena de morte, o v. 16 determina que os pais não deveriam pagar pelos pecados dos filhos, e vice-versa.
Os vs. 8 e 9 destacam a autoridade dos sacerdotes israelitas para julgamentos das causas da nação; nesse trecho, o julgamento era relacionado ao que fazer nos casos de alguém ser portador de doença de pele contagiosa, conhecida como lepra nas traduções bíblicas comuns. Deus destaca aqui que os sacerdotes receberam autoridade Dele mesmo para fazer julgamento, por isso tanto o povo deveria ouvi-los e obedecê-los, quanto eles serem justos em tudo que determinarem. O Eterno ainda recorda o que ele fez com Miriam, para que sirva de exemplo ao povo que não se rebelasse contra as autoridades (vide Nm 12:1-15).
O capítulo 25 inicia tratando do castigo que os juízes e autoridades do povo deveriam aplicar a um criminoso. A pena aplicada dos vs. 1-3 para certas situações é de 40 açoites, e não mais do que isso! Com isso aprendemos que tal pena criminal era para disciplinar o malfeitor, e não o destruir.
A compaixão com os animais.
O mandamento de Deuteronômio 25:4 é repetido ao menos 2 vezes nos escritos dos discípulos de Ieshua, o nazareno; veja 1 Co 9:9 e 1 Tm 5:18.
É claro que em tal trecho da Torá este mandamento visava uma preocupação e cuidado com o animal que trabalhava, pois se ele sentisse fome deveria comer ali mesmo onde estava trabalhando. Era uma forma de proteger o animal de maus tratos.
No entanto, nos dois textos do rabino Saul (Paulo) mencionados acima, ele expande tal mandamento da Torá, relacionando-o ao cuidado para com o ser humano também.
A lei do levirato.
Em Deuteronômio 25:5-10 lemos o costume que ficou conhecido no mundo ocidental como a lei do levirato. Este termo (levirato) deriva do latim “levir”, que significa “cunhado”.
Basicamente, essa lei da Torá determina que se um homem morresse sem que tivesse gerado um filho homem, seu irmão deveria se casar com a viúva e lhe gerar um filho que seria considerado filho do falecido.
Esse costume é visto ainda no livro de Gênesis entre os filhos de Judá, filho de Jacó (cap. 38). Ou seja, o que antes era um costume familiar, agora se torna uma lei nacional.
Entretanto, o irmão do falecido poderia recusar o casamento com a cunhada. Neste caso, o texto explica que a viúva deveria, diante das autoridades israelitas, tirar uma das sandálias dele e lhe cuspir no rosto, para que ficasse conhecido que ele não quis suscitar um descendente para seu irmão (este descendente também herdaria os bens de seu falecido pai).
Outras leis diversas.
O texto de Deuteronômio 25:11-12 ordena cortar a mão de uma mulher que, ao tentar separar a briga de seu marido com outro homem, pegue seu adversário pelos órgãos genitais.
Os vs. 13-16 advertem a respeito da prática de certos atos de injustiças.
Finalmente, nos vs. 17-19 deste mesmo capítulo Moisés recorda os israelitas da covardia que os amalequitas fizeram com eles em certo momento de sua trajetória pelo deserto, depois de terem saído do Egito. Diante disso, depois de possuírem a terra prometida, todos os amalequitas deveriam ser exterminados.
Leituras diárias sugeridas para a Parashá Ki Teitzei.
- Domingo: Deut. 21:10 até 22:12.
- 2ª Feira: Deut. 22:13 até 23:8.
- 3ª Feira: João 18:28 até 19:42; relacionado à morte no madeiro mencionada em Deut 21:22-23.
- 4ª Feira: Deut. 23:9-25.
- 5ª Feira: Deut. 24:1 até 25:19.
- 6ª Feira, Haftará (Porção dos Profetas): Isaías 54:1-10, ou Jeremias 33:1-11, ou Isaías 48:12-21.
- Sábado: O objetivo das porções semanais da Torá é tornar público o conhecimento das leis de Deus e educar o povo na prática delas. Esdras, o sacerdote e escriba responsável por trazer muitos israelitas de volta para sua terra depois do cativeiro babilônico, iniciou esse costume de leitura pública das Escrituras, bem como a explicação delas; veja Ne 8:1-9. Mais de 500 anos depois dos eventos com Esdras e Neemias, este costume se mostra perpetuado nas comunidades judaicas por onde quer que eles estivessem no mundo. Em Atos 13:14-16, por exemplo, vemos que Paulo participa dessa leitura pública na sinagoga de Antioquia da Pisídia, onde dessa vez ele foi convidado a fazer o comentário e explicação da porção lida. Mais tarde, em Atos 15, especialmente no v. 21, percebemos que os crentes não-judeus (gentios) estavam junto do povo de Israel todo dia do shabat aprendendo as Escrituras através dessas porções semanais da Torá.