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Significado da palavra Cristo: Ungido.

Last updated on 16/03/2023

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A palavra “Cristo” em português tem origem no latim Christus que, por sua vez, tem origem no grego Christos (Χριστός). Essa palavra grega é um adjetivo proveniente do verbo chrio (χριω), cujo significado é ungir. Portanto, Cristo significa “ungido”. Não é um sobrenome de Jesus, como Jesus Silva ou Jesus Ferreira; nem tão pouco um nome composto como Jesus Alberto ou Jesus Augusto, como vários cristãos pensam.

Justamente por isso é errado pronunciar “Jesus Cristo” (sem o artigo definido “o”), pois todas as vezes que falamos “Cristo” estamos dizendo “Ungido”. Portanto, o correto a se pronunciar seria “Jesus o Cristo“, ou melhor ainda, “Jesus o Ungido“. É por isso que no texto original hebraico, o qual o Senhor Jesus pregava (e não o grego) é registrado “haMashiach”. A preposição “ha” traduzida é o artigo definido “o”, enquanto “Mashiach” traduzido é Ungido, ou Messias. Veremos isso mais adiante nessa explicação.

Não são poucos os cristãos que não tem conhecimento disso, pois poucos se perguntam o significado das coisas, e por isso o conhecimento é raso, e erros continuam a serem reproduzidos, mesmo na era do conhecimento e da informação, infelizmente.

O problema é que, desde o latim, substantivaram o adjetivo grego “christos” em vez de traduzi-lo, o que seria o correto.

Em Atos 4:26, por exemplo, nas traduções ARA, ARC, ACF, NVI, TB e NAA houve a tradução da palavra grega “Christos” para “Ungido”, o que deveria se reproduzir por todo o texto do Novo Testamento. Veja um exemplo neste texto interlinear:

Levantaram-se παρίστημι (paristemi) os reis βασιλεύς (basileus) da terra γῆ (ge), e καί (kai) as autoridades ἄρχων (archon) ajuntaram-se συνάγω (synago) à uma ἐπί αὐτός (epi autos) contra κατά (kata) o Senhor κύριος (kyrios) e καί (kai) contra κατά (kata) o seu αὐτός (autos) Ungido Χριστός (Christos);”

(ARAi+ At 4:26)

Embora o termo “o ungido” em latim seja “unctus”, foi conservado como “Christus” devido o apreço da língua latina pela língua grega.

Veja um exemplo da palavra “unctus” sendo usada para “ungido” no texto latino em Levítico 4:3, por exemplo.

“si sacerdos, qui unctus est, peccaverit, delinquere faciens populum, offeret pro peccato suo vitulum immaculatum Domino:”

Tradução: “se o sacerdote ungido pecar para escândalo do povo, oferecerá pelo seu pecado um novilho sem defeito ao Senhor, como oferta pelo pecado.” (ARA)

Como o português nasceu da língua latina, e a Bíblia foi usada majoritariamente nesse idioma por um espaço de pelo menos 1000 anos em todo ocidente (séc. 4 até 16), então os primeiros tradutores bíblicos receberam influência deste, o que permanece até hoje, naturalmente.

Veja um exemplo da conservação do termo grego “Christos”, em vez do latim “unctus”, no texto em latim do Novo Testamento:

“Astiterunt reges terræ, et principes convenerunt in unum adversus Dominum, et adversus Christum ejus.”

(CVg Atos 4:26)

Por isso, tendo em mente que “Cristo” significa “ungido”, e deveria ser traduzido por essa palavra, expressões como “de Cristo”, “em Cristo”, “a Cristo”, “Cristo” sozinho (como se referindo a alguém pelo seu sobrenome), ou “Cristo Jesus” sem o artigo definido no início, estão erradas, pois como vimos “Cristo” não é o sobrenome de Jesus, isto é, de Yeshua.

Imagine se em vez do substantivo “Cristo” traduzíssemos a palavra “ungido” nesses termos, o que deveria ter acontecido. Todos eles teriam pronúncia errada. Veja exemplos:

Todo o Novo Testamento é baseado no Antigo, e com a palavra “Cristo” não é diferente.

As Escrituras Sagradas foram escritas e entregues ao povo de Deus primeiramente no idioma hebraico, no século 15 AEC. A primeira tradução das Escrituras hebraicas para o grego aconteceu no século 3 AEC, quando o cientista grego Ptolomeu pediu que cerca de 72 rabinos judeus fizessem a tradução para compor a biblioteca de Alexandria. Ela foi chamada de Septuaginta.

Portanto, o termo grego “christos” é uma tradução do original hebraico “Mashiach” ( מָּשִׁיחַ ), que originou o substantivo português “Messias”, que significa justamente “ungido”.

No Antigo Testamento, “Messias” (ou “o ungido”) designava o rei de Israel (o ungido do SENHOR, como em 1 Sm 16.6; 24:6,10; 26:16), o sumo sacerdote (o sacerdote ungido – Lev. 4.3,5,16; 6:22; 16:32; Núm. 35:25). No plural, essa expressão se refere aos patriarcas em seu ministério de profetas (“meus ungidos” – Sl 105.9-15). Yeshua, que recebeu o nome “Jesus” no ocidente também por uma adaptação grega, cumpriu a profecia messiânica, desempenhando essas três funções.

Devido a profecias como a de Yeshayah (Isaías) capítulo 61:1-4, por exemplo, o povo judeu do primeiro século aguardava o Ungido que iria os libertar do Império Romano, que os dominava até então (Luc. 24:18-21).

Era imaginado um rei ungido semelhante a Davi, que liderava as guerras de Israel contra outras nações (2 Sm 8:1-15). Além disso, a expectativa pela vinda do Ungido era grande nessa época devido às profecias de Daniel, pois ele havia recebido a revelação de quanto tempo faltava para este vir ao mundo (Dan. 9:25). Justamente por isso várias pessoas pensavam que Yohanan, isto é, João, a quem também pensamos erroneamente ter o sobrenome “Batista”, era o Cristo, ou seja, o Ungido (Luc. 3:15; Jo 1:19-25).

A profecia de Yeshayah, por exemplo, realmente se cumpriu como descrito no episódio de Lucas 4:16-22. O Ungido, no entanto, não veio para libertar o povo judeu do Império Romano naquele momento, mas de seus pecados (Luc. 24:46-47).

Quando procuramos restaurar termos dos idiomas originais e/ou traduzi-los corretamente, conseguimos recuperar todo este conteúdo histórico e teológico que enriquece em muito nosso conhecimento e compreensão da palavra de Deus. No entanto, versões bíblicas que se acomodaram às más traduções e/ou adaptações, continuam reproduzindo erros e empobrecendo nosso conhecimento e compreensão.


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18 Comments

  1. […] Seja a cortina que fechava o lugar santo, seja, antes, a que separava o lugar santo do Santo dos santos (cf. Ex 26,31s). Sob a inspiração de Hb 9,12; 10,20, a tradição cristã viu nesse rasgar do véu a supressão do velho culto mosaico e o acesso ao santuário escatológico franqueado por Cristo. […]

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