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Resumo da Parashá Nôah (Gênesis 6:9-11:32)

Last updated on 17/10/2023

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A Porção Nôah (ou Parashá Noach) é a 2ª porção semanal da Torá no ciclo judaico anual de leitura. Ela começa dando o relato de quando Deus decide destruir a humanidade com um dilúvio. Além disso, por ordem Dele, o justo Noé constrói uma arca onde ele, sua família e animais selecionados sobreviveriam à enxurrada de água. Os filhos de Noé têm filhos e várias gerações se desenvolvem. Deus confunde a fala das pessoas que constroem a Torre de Babel. Enfim, a Parashá Nôah abrange o texto de Gênesis 6:9 até 11:32.

Baixe este estudo em PDF para impressão aqui.

Noé e sua família.

O texto de Gênesis 6:9, que abre a porção Nôah (parashá Noach), começa relatando os nomes dos filhos de Noé e como ele vivia de modo justo e íntegro em sua geração, agradando ao Criador.

Imagine viver numa sociedade onde só você e sua família preservam algum valor de integridade, honestidade, bondade e justiça. Era essa a situação de Noé e seus filhos, dos quais na verdade nem todos eram tão íntegros assim. A situação era realmente difícil e desanimadora.

Era tão grave a situação que a única solução encontrada por Deus foi destruir toda aquela geração com fortes chuvas e enchentes de água.

Ao ler o texto superficialmente pensamos que seria Deus o responsável por destruir o mundo daquela época, mas na verdade o texto relata que Ele só estaria trazendo juízo contra aquilo que o ser humano já havia destruído (vs. 11-13).

O que os seres humanos realmente estavam fazendo antes do dilúvio?

A Bíblia não descreve com detalhes o que os seres humanos fizeram para que o Criador tomasse tal decisão (de derramar um dilúvio sobre a Terra). Ela apenas cita que todos haviam corrompido seus caminhos (seus comportamentos) e eram muito violentos.

Entretanto, um livro antigo mencionado na Bíblia pelo menos duas vezes, o Livro do Justo (cf. Js 10:13 e 2Sm 1:18), dá alguns detalhes adicionais das ações dos seres humanos no mundo daquela época. Vamos destacar apenas alguns trechos dessa obra aqui para termos uma ideia mais detalhada.

Matusalém agiu retamente diante de Deus, como seu pai Enoch havia lhe ensinado. E ele também, durante toda a sua vida, ensinou os filhos dos homens o conhecimento, sabedoria e o temor de Deus, e ele não se desviou
do bom caminho nem para a direita nem para a esquerda.
Mas, nos últimos dias de Matusalém, os filhos dos homens se desviaram do Senhor, eles se corromperam na terra, roubaram e saquearam uns aos outros, e rebelaram-se contra Deus, e eles, transgredindo, se corromperam
em seus caminhos, e não quiseram mais ouvir a voz de Matusalém, mas rebelaram-se contra ele.

E todos os filhos dos homens se afastaram dos caminhos do Senhor naqueles dias, assim como eles se haviam multiplicado sobre a face da terra com filhos e filhas, e eles ensinaram uns aos outros suas práticas más,
e continuaram a pecar contra o Senhor.
E cada homem fez para si mesmo um deus, e roubaram e saquearam cada um a seu vizinho, assim como seu parente, e corromperam a terra, e a terra se encheu de violência.
E seus juízes e governantes entraram às filhas dos homens e tomaram suas esposas pela força de seus maridos de acordo com a escolha de cada um.

E os filhos dos homens naqueles dias escolheram do gado da terra, dos animais do campo e das aves do céu, e ensinaram-lhes a mistura de animais de uma espécie com a outra, a fim de com isto provocar o Senhor.
E Deus viu toda a terra, que estava corrompida, porque toda a carne havia corrompido seus caminhos sobre a terra, todos os homens e todos os animais.

O Livro do Justo (Jasher), cap. 4, vs. 3-4,16-18,

É claro que existem vários outros relatos e detalhes que aconteceram pelo menos nos dois ou três séculos que antecederam o dilúvio. Mas o espaço aqui não tem essa finalidade agora.

Veja mais algumas informações no e-book “Relatos adicionais do Gênesis extraídos do Livro de Enoque“, que publiquei no Amazon Kindle.

Por fim, dos vs. 14-21 de Gênesis 6, Deus dá a Noé a descrição da enorme arca que ele deveria fazer para que, tanto ele, sua família e vários animais se livrassem do dilúvio que viria sobre o mundo.

Mas, neste ponto, vale ressaltar ainda que o mesmo Livro do Justo menciona que, quando Noé tinha 480 anos de vida, Deus ordena a ele e a seu avô Matusalém que anunciem aos seres humanos que se arrependam de seus maus caminhos e se voltassem para os ensinamentos de Deus. Se eles não se arrependessem, o Eterno enviaria a destruição sobre a terra dentro de 120 anos (vide cap. 5:6-11).

Isso parece estar de acordo com o relato de Gênesis 6:3, quando Deus afirma que o ser humano teria um período de 120 anos de vida. Além deste, parece também dar base ao que escreveu Simão (Pedro), um dos discípulos de Yeshua, em sua 2ª carta (2:5), quando chamou Noé de “pregador da justiça”. Pois o livro de Gênesis não menciona Noé pregando a mensagem divina aos seus contemporâneos, o que nos indica que o Livro do Justo possivelmente foi uma das obras consultadas por Simão para chamar assim o patriarca das nações.

Obra sugerida para mais ensinamentos da Torá, a Lei de Deus: Luzes da Torá: Gênesis: sobre vida, amor e família (Volume 1), por Shlomo Riskin, Editora Sêfer 👇

Noé entra na arca.

O capítulo 7 de Gênesis começa relatando a ordem que Deus deu para Noé entrar na arca. Aqui precisamos destacar algumas coisas interessantes.

A primeira é que Deus afirma que Noé era o único homem justo que ele tinha encontrado. Isso nos mostra que, quando nossos caminhos são agradáveis ao Eterno, ele pode salvar/libertar pessoas que amamos também, porque os filhos de Noé e suas noras foram salvos juntamente.

Outro fato importante de se observar é a ordenança de Deus a Noé para colocar na arca 7 pares de animais puros e 1 de impuros (vs. 2-3). Isso nos mostra que, de certa forma, os seres humanos daquele tempo já tinham o conhecimento que alguns tipos de animais eram impuros para o consumo e para serem sacrificados ao Divino. É por isso que Deus ordena Noé colocar 7 pares dos puros na arca, porque depois que o dilúvio destruísse todas as plantações, ele e sua família se alimentariam destes, e sacrificariam alguns deles para Deus, como de fato aconteceu, vide Gn 8:18-21. Além disso, se eles comessem dos animais impuros, ficariam extintos. Uma lista mais detalhada destes animais puros e impuros para a alimentação só é dada em Levítico 11 (cf. Is 65:2-4, 66:15-17).

Adiante com o texto, a chuva atingiria aquelas terras 7 dias após Deus ter dito isso a Noé. E ele obedeceu a tudo que Deus lhe ordenou (vs. 4-5). Obedecer aos mandamentos de Deus sempre traz salvação!

Agora, de acordo com Gênesis 7:11, o dilúvio caiu quando Noé tinha 600 anos de idade. Se voltarmos um pouco no texto de Gn 5:32, é mencionado que Noé tinha 500 anos quando começou a gerar filhos. O historiador Flávio Josefo também menciona que ele teve filhos 100 anos antes do dilúvio (História dos Hebreus 1:16). O Livro do Justo também está de acordo com isso ao mencionar que, no ano 498 de sua vida, Noé toma uma esposa chamada Naamá (5:15), dando o tempo aproximado de uma gestação até gerar uma criança.

O dilúvio.

O dilúvio, então, caiu sobre a Terra durante 40 dias e 40 noites (Gn 7:12). Noé e sua família entraram na arca no mesmo dia que a chuva começou a cair.

O dilúvio caiu sobre a terra no ano 1656 da criação (calendário hebraico), que corresponde ao ano 2238 antes da era comum (AEC), no calendário do Papa Gregório, usado praticamente em todo ocidente (Europa e continentes americanos – incluindo Brasil, naturalmente).

(Acesse a planilha cronológica bíblica (em construção) no endereço biblia.pro.br/bcp).

Em Gênesis 7:20, verificamos que as águas subiram tanto ao ponto de cobrirem aproximadamente 7 metros acima das montanhas mais altas.

O v. 21 de Gênesis 7 relata que as pessoas, os animais domésticos e selvagens morreram com a forte chuva. Mas teriam os animais marinhos morrido também? Isso é respondido no v. 22, que afirma que tudo que havia em terra seca morreu.

Assim foi o fim drástico da humanidade daquele tempo, levada pelas águas do dilúvio, da qual um pouco também é mencionado na Porção Bereshit.

Mas a Bíblia Sagrada conta apenas uma parte resumida da história, mencionando só os principais acontecimentos. Detalhes adicionais ficaram em função de outras literaturas produzidas pelo povo de Israel, como o próprio Livro do Justo, já mencionado aqui. Este relata que os habitantes da Terra não acreditaram quando Noé os advertia sobre o dilúvio, mas que imploraram por seu socorro depois dele ter entrado na arca e a chuva ter começado a cair. Separamos um trecho aqui para nossos leitores conferirem.

E Noé e sua família, e todos os seres vivos que estavam com ele, entraram na arca, tendo em conta as águas do dilúvio, e que o Senhor a fechou por fora.
E todos os filhos dos homens que foram deixados sobre a terra se cansaram no meio deste mal, por conta da chuva, pois as águas estavam subindo violentamente sobre a terra, e os animais e feras ainda estavam em
torno da arca.

Os filhos dos homens reunidos eram cerca de 700 mil homens e mulheres, e vieram a Noé para a arca. E chamaram a Noé, dizendo:

Abre para que nós possamos ir a ti na arca, deveremos nós morrer?

E Noé, em alta voz, respondeu-lhes da arca, dizendo:

Não tendes todos vós se rebelado contra o Senhor, e disseram que ele não existia? Portanto, o Senhor trouxe em cima de vocês este mal, para vos destruir e exterminar-vos da face da terra. Não foi isso que eu falei a vocês de 120 anos atrás até hoje, e vocês não ouviram a voz do Senhor, e agora
vocês desejam viver sobre a terra?

E disseram a Noé:

Estamos prontos para voltar ao Senhor, abre apenas para que possamos viver e não morrer.

E Noé respondeu-lhes, dizendo:

Eis que agora que vocês veem o trabalho de suas almas, desejam voltar para o Senhor, e porque não retornaram durante esses cento e vinte anos, que o Senhor lhes concedeu como o período determinado? Mas agora vocês veem e me dizem isso em consideração dos problemas de suas almas, pois agora também o Senhor não vai ouvir-vos, nem dará ouvidos a vocês neste dia, de modo que vocês prosperarão em seus desejos.

E os filhos dos homens aproximaram-se, a fim de entrar na arca, por causa da chuva, pois não podiam suportá-la sobre eles.
E o Senhor enviou todos os animais e as feras que estavam em volta da arca. E os animais espantaram-nos desse lugar, e cada um seguiu seu caminho e eles novamente dispersaram-se sobre a face da terra.
E a chuva ainda estava descendo sobre a terra, e desceu quarenta dias e quarenta noites, e as águas prevaleceram sobre a terra, e toda a carne que estava sobre a terra ou nas águas morreu…

Livro do Justo, cap. 6:15-26a

Por fim, Gênesis 7 é concluído dizendo que as águas cobriram a terra durante 140 dias, o que corresponde a 3 meses e meio (Gn 7:24).

O Recomeço.

Gênesis 8 começa relatando que Deus não se esqueceu de Noé dentro daquela arca depois da tragédia da chuva e das enchentes (pois também minou água do chão enquanto caía o dilúvio, cf. Gn 7:11-12). Através de um vento, Deus faz as águas baixarem pouco a pouco.

O v. 4 menciona que a arca parou entre as montanhas do Ararate, que se localiza à leste da atual Turquia.

  • Monte Ararate visto de Erevã, Armênia.
  • Montanha do Ararate ao leste da Turquia
  • Localização do Monte Ararate na Turquia

Para termos noção de quanta água inundou a Terra, a Bíblia descreve que no dia 17 do 7º mês [bíblico] a arca parou no monte Ararate. Então, no 1º dia do décimo mês (quase 3 meses completos depois) os picos das montanhas começaram a ser vistos. Daí, dentro de quase outros 3 meses, imagina-se que no mínimo pouco mais de 7 metros de água já haviam escoado.

Noé só abre a janela da barca 40 dias após a chuva ter parado. (v. 6). Então, mais sete dias depois, Noé solta uma pomba pela segunda vez e ela não retorna para a arca. Por fim, no dia 27 do segundo mês, aos 601 anos da vida de Noé, a terra ficou completamente seca (vs. 13-14).

Então, nos vs. 16 e 17 de Gênesis 8, Deus finalmente anuncia o recomeço da vida humana e animal sobre a terra.

O v. 20 relata que, logo assim que saiu da arca, Noé oferece sacrifícios de animais puros a Deus. Depois disso, Deus decide nunca mais destruir o ser humano como havia feito dessa vez (vs. 21-22).

Leituras diárias sugeridas para a Parashá Nôah, no 2º ano do ciclo trienal, que vai de Gênesis 8:15 até 10:32.

A aliança universal de Deus com a humanidade.

Em Gênesis capítulo 9:1-7, finalmente lemos a respeito da famosa aliança universal de Deus com a humanidade, isto é, com cada ser humano, e de todas as nações.

Aqui Deus dá mandamentos e princípios que todas as pessoas deveriam obedecer, enquanto cresciam e se multiplicavam sobre a Terra. Noé e seus filhos deveriam transmitir tais ensinamentos para as gerações seguintes.

Estes mandamentos têm sido objeto de estudo ao longo do tempo, e diversos sábios do povo judeu já fizeram comentários e escreveram livros a respeito deles, a fim de proporcionar orientação aos não judeus; embora o estudo de tais mandamentos seja ignorado ou pouco valorizado por não pequena parte do mundo religioso a fora. Mas estes ensinamentos, bem como suas ramificações, é que devem reger a conduta de todos nós que não somos judeus ou israelitas (descendentes dos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó).

Alguns deles são repetidos, por exemplo, pela liderança da comunidade de discípulos de Jesus, em Atos 15:19-21. Ali é determinado que os discípulos estrangeiros (não judeus) se inserissem nessa aliança primeiro, que inclui um padrão mínimo de obediência a Deus, a fim de que pudessem ter acesso às suas comunidades de modo adequado.

Enquanto isso, eles deveriam continuar participando, voluntariamente, de um processo de aprendizagem dos demais mandamentos bíblicos junto com as lideranças do povo de Israel, nas reuniões de suas sinagogas. O livro bíblico dos Atos tem várias menções deste cenário, que já existia naquela época. Os não judeus que frequentavam as sinagogas judaicas geralmente eram chamados neste livro de “os tementes a Deus”; veja, por exemplo, capítulo 13:16,26, 16:13-14, 17:17, 18:4 etc. Nas Escrituras, eles também eram mencionados assim, veja o Salmo 115:11-13, por exemplo.

Com tal método de ensino pessoal, voluntário e gradativo, sob a orientação dos líderes de Israel, os não judeus (gentios) poderiam evoluir na prática de outros ensinamentos divinos com naturalidade, sem a necessidade de serem coagidos a obedecer mandamentos que foram ordenados só aos judeus, conforme os versículos iniciais de Atos 15 mencionam.

Vale lembrar neste ponto que, embora cada pessoa possa praticar coisas boas mesmo sem ter recebido uma instrução determinada, mas somente sendo dotadas de princípios naturais à vida (Rm 2:14-15), o Criador entregou suas leis e ensinamentos de forma completa ao povo de Israel (ou aos judeus), que são o Seu povo específico, veja Deuteronômio 7:6, Salmo 147:19-20, João 4:22, Romanos 3:1-2 e 9:4.

Por isso, hoje em dia, aconselhamos às pessoas que querem obedecer melhor a Deus se instruírem com mestres e educadores deste povo (isso, porém, não impede a cada um de se auto instruir por meio da Bíblia, sob a inspiração divina). Por isso, e particularmente, não apoiamos mais a orientação nas leis divinas por meio de qualquer outra religião. Porque, embora estas possam apresentar ensinamentos corretos (pois estão ensinando a Bíblia afinal de contas), junto destes há diversas distorções de costumes e crenças ensinados por Deus na Bíblia, infelizmente, e que, devido à formatação de determinadas teologias padrões no mundo religioso, e o modo com que as traduções bíblicas foram feitas ao longo da história, mal se percebem.

E para responder aos questionamentos contrários a este formato, era exatamente assim que viviam os estrangeiros que se tornaram discípulos de Jesus no 1º século de nossa era. Basta entender o contexto de Atos capítulo 15, concluindo pelo v. 21. Porque, se a questão abordada ali era se os crentes estrangeiros (gentios) seriam logo circuncidados e assim guardariam todos os outros preceitos da Lei de Moisés (de Deus) de imediato à conversão ou não, e é dito no referido versículo que “Moisés é lido” todo dia de sábado nas sinagogas, é porque era nelas, neste dia, que estes discípulos gentios estavam inseridos aprendendo as leis divinas.

Ou seja, era este modelo de ensino que os discípulos diretos de Jesus recomendaram para os crentes não judeus, isto é, que eles deveriam primeiro se adaptar a um padrão mínimo de obediência (o da aliança universal), e depois, estando inseridos nas comunidades do povo de Israel, evoluir na obediência de forma gradativa e natural. Outros versículos comprovam isso, como Atos 21:19-25, Romanos 11:16-18, Efésios 2:11-14 etc.

Por fim, as pessoas tementes a Deus que procuram obedecer Suas leis para as nações, ficaram conhecidas no meio judaico ao longo da história como “bnei Noach“, que literalmente traduzido seria “filhos de Noé”. Outro termo também seria “monoteístas gentios”, ou seja, crentes não israelitas que exercem fidelidade ao Deus de Israel dentro deste grupo de mandamentos, e que acreditam que Ele é um, e o único Deus vivo, verdadeiro e existente.

Eu já escrevi outros estudos acerca destes assuntos no Blog Bíblia se Ensina. Você pode conferir os seguintes:

Basicamente, os 7 mandamentos da aliança universal de Deus com Noé (com a humanidade) são:

  1. Não praticar idolatria. O homem deveria refletir a “imagem” (características) do Deus único e verdadeiro na natureza e para a humanidade: Gn 1:27; 9:6b.
    • Isso inclui não criar outros deuses nem praticar idolatria.
  2. Cuidar do mundo. Usar da inteligência dada por Deus para governar, administrar e cuidar da criação: Gn 1:26; 9:2.
  3. Formar família (“sejam fecundos”): Gn 1:28; 9:1,7.
    • Isso inclui ao pai ser fiel à sua mulher, e vice-versa, além de cuidar da família; aos filhos honrarem e obedecerem a seus pais, e outros valores semelhantes (cf. Cl 3:18-21).
  4. Formar civilização (“multipliquem-se e encham a terra”): Gn 1:28; 9:7.
    • Isso não inclui respeitar o espaço e as conquistas um do outro?
  5. Criar sistemas de governo e de juízo enquanto administra corretamente o mundo: Gn 1:28b; 9:7b.
  6. Não comer carne com sangue: Gn 9:4-5.
    • Isto é, não comer o animal enquanto ainda estivesse vivo. O abate deveria acontecer antes para o animal não ficar sofrendo, e seu sangue deveria ser escorrido.
  7. Não assassinar: Gn 9:6; dentre outros.
    • Isso inclui, naturalmente, respeitar a vida e a integridade de seu semelhante.

É claro que se formos mais à fundo em cada mandamento e explorar a vida de Noé e seus ascendentes também monoteístas, teremos outros valores para extrair disso. Porém, um conteúdo mais extenso exigiria uma página exclusiva para o tema, do qual livros já foram escritos para explicar, como As 7 Leis Universais, Guia Para Uma Vida Espiritual Plena, do HaRav Yoel Schwartz.

Por fim, Deus conclui sua aliança com toda humanidade prometendo não trazer mais as águas do dilúvio no mundo. Ele colocou um arco nas nuvens a fim de lembrar disso para sempre (vs. 12-17).

A descendência de Noé, o surgimento das nações.

Os vs. 18-28 de Gênesis 9 narram o episódio em que um dos filhos de Noé o desrespeita enquanto ele se encontrava nu e bêbado.

O patriarca havia bebido vinho, se embriagado e ficado nu dentro de sua própria tenda. Seu filho Cam o viu neste estado, o que indica que ele entrou sem permissão na tenda do pai. Ele relata o caso aos seus irmãos, provavelmente com deboche e desrespeito, mas eles não lhe dão ouvidos e vão cobrir a nudez de seu pai.

O v. 25 relata que, devido o desrespeito de Cam, Noé amaldiçoa seu filho, Canaan, afirmando que este seria servo de seus irmãos para sempre. Essa profecia se cumpre nos descendentes dele, os povos da terra de Canaan, os quais foram vencidos por Moisés e Josué quando conquistaram quase todo o território de Canaan para Israel (cf. Êx 6:4; Nm 32:31-33; Js 14:1+).

Mas essa história não se resume a isso. A título de curiosidade, o Livro dos Jubileus, uma obra preservada pelos essênios e encontrada entre as descobertas dos Manuscritos do Mar Morto, em 1947, conta motivos adicionais do porquê Deus ter ordenado exterminar os povos de Canaan.

(Veja um estudo bíblico sobre os essênios e uma pesquisa sobre os Manuscritos do Mar Morto no Blog Bíblia se Ensina).

Em Lv 18:24-25+ e Dt 9:5, as Escrituras mencionam que Deus os estava expulsando de lá devido suas grandes maldades. Porém, do capítulo 8:8 até 9:15 do Livro dos Jubileus, é narrado que os filhos de Noé repartiram terras entre seus filhos (os netos e bisnetos de Noé). Eles selaram essa divisão por meio de uma maldição sobre quem procurasse invadir o território do outro (9:14).

Acontece que Canaan e seus filhos, por meio de uma revolta, possuíram o território de Sem, patriarca dos israelitas, veja cap. 10:28-34. Os irmãos dele o recordam da maldição que pronunciaram se isso acontecesse, e profetizam que por meio de uma revolta os descendentes de Canaan seriam tirados novamente daquela terra se não fosse desocupada logo. Por fim, foi o que aconteceu por meio dos dois primeiros grandes líderes de Israel.

O capítulo 10 de Gênesis é dedicado a descrever os territórios que os descendentes dos filhos de Noé possuíram e quais nações vieram deles.

A torre de Babel.

Gênesis capítulo 11 descreve um dos acontecimentos mais marcantes da humanidade, que dividiu sua história: a tentativa da construção da Torre de Babel.

Há muito a ser dito deste episódio da história, porém, como estamos escrevendo apenas um resumo, tentaremos nos limitar a poucas informações.

A primeira coisa que nos chama atenção era a motivação pela qual a torre estava sendo construída: a arrogância do ser humano! Que na verdade era uma afronta contra o Criador (v. 4).

O texto bíblico relata ainda que o povo se comunicava através de um só idioma (v. 6). Provavelmente era o fenício ou algo próximo ao aramaico ou hebraico. tendo em vista que as letras destes alfabetos são praticamente as mesmas, sendo eles considerados idiomas semitas.

O Livro do Justo, mais uma vez, relata detalhes interessantes acerca do que os homens estavam tentando fazer com a construção dessa torre.

Primeiro é que o capítulo 9:21 deste livro menciona que foram os príncipes de Ninrode que tiveram a ideia da construção (Gn 10:10 diz que Ninrode foi o rei de Babel). Eles queriam governar o mundo com isso, e foram relatar sua ideia ao rei. Ele concordou e eles prosseguiram com seu intento.

Depois é dito que cerca de 600 mil pessoas procuraram pelo terreno para fazer a torre nele, e encontraram-no em Sinar.

Depois o livro continua seu relato acerca da torre de Babel, dizendo:

E a construção da torre foi-lhes uma transgressão e um pecado, e eles começaram a construi-la. E enquanto eles estavam construindo contra o Senhor Deus dos céus, imaginaram em seus corações subir ao céu e fazer a
guerra contra ele. E todas essas pessoas e todas as famílias se dividiram em três partes. A primeira disse:

Vamos subir ao céu e lutar contra Ele!

A segunda disse:

Vamos subir ao céu e colocar nossos próprios deuses lá e servir-lhes!

E disse a terceira parte:

Vamos ascender ao céu e ferir com arcos e lanças!

E Deus sabia todas as suas obras e todos os seus maus pensamentos, e Ele viu a cidade e a torre que eles estavam construindo.
E aconteceu que, quando eles estavam construindo, enviavam flechas para o céu, e todas as flechas caiam sobre eles cheias de sangue. E quando eles viram isso disseram uns aos outros:

Certamente que matamos todos os que estão no céu!

Porém isto vinha do Senhor, a fim de levá-los a errar, e no final, para destruí-los de sobre a face da terra.
E Deus disse aos seus 70 anjos que estavam diante dele, e para aqueles que o rodeavam:

Vamos descer e confundir suas línguas, para que um homem não deva compreender a linguagem de seu vizinho!

E eles [os anjos] fizeram isso para com eles.

Livro do Justo, cap. 9:25-26,29b-30,32.

Por fim, com alguns outros detalhes o Livro do Justo chega no mesmo relato que a Bíblia: devido à confusão das línguas ninguém entendia mais o outro, então a construção da torre parou e todos se dispersaram pelo mundo (Gn 11:8).

O nome da cidade, Babel, é proveniente do hebraico בלל (balal), que significa misturar, mesclar, confundir (St. H894 e 1101).

A Revista Galileu publicou um artigo abordando uma pedra antiga descoberta na região do Iraque, onde se localizava Babel (Babilônia) com o desenho de uma torre junto a um homem com uma lança.. Isso pode ter alguma conexão com a construção da Torre de Babel.

Os patriarcas de Abraão.

O texto de Gênesis 11 é dedicado a relatar a genealogia de Abraão, o patriarca dos israelitas. Vamos destacar alguns pontos importantes aqui.

A partir de Héber (v. 14) os descendentes de Shem passaram a ser conhecidos como “hebreus”. Seu idioma também passou a ser conhecido como “hebraico”.

O Livro dos Jubileus diz que Haran, um dos irmãos de Abraão, que morreu enquanto seu pai ainda era vivo (v. 28), perdeu sua vida em um incêndio, depois que Abraão pôs fogo nos ídolos de seu pai.

E no décimo sexto ano da vida de Abram, ou seja, na quarta semana,
no quarto ano Abram chegou à noite e queimou a casa dos ídolos,
e ele queimou tudo o que havia na casa e ninguém soube.
E eles se levantaram durante a noite na tentativa de salvar seus deuses do
meio do fogo.
E Arã se apressou para salvá-los, mas o fogo queimou sobre ele, e ele
foi queimado pelo fogo, e ele morreu em Ur dos Caldeus antes de Terá seu
pai, e eles o sepultaram em Ur dos Caldeus.

Livro dos Jubileus 12:12-14

Sugestões de leituras diárias para a Parashá Nôah.

  • Domingo: Gênesis 6:9 até 7:24.
  • 2ª feira: Gênesis 8:1 até 9:17.
  • 3ª feira: 2ª Pe 2:4-14 ou Lc 17:20-37.
  • 4ª feira: Gênesis 9:18 até 10:32.
  • 5ª feira: Gênesis 11.
  • 6ª feira: Isaías 54:1-10.
  • Sábado: Os israelitas (judeus) tem o costume de fazer a leitura semanal da Torá (Lei de Deus) desde tempos muito antigos (cf. At 13:27; 15:21). A leitura é feita no dia de repouso bíblico (shabat), que começa no pôr do sol da 6ª feira e termina no pôr do sol do dia seguinte. Versículos como Deuteronômio 6:6-9 inspiram este costume. Nos escritos dos discípulos de Ieshua (“novo testamento”), trechos como Lucas 4:16 e Atos 13:14-15 mostram que tanto ele quanto seus discípulos continuavam mantendo essa tradição. Hoje, o mesmo trecho é lido durante a semana (especialmente no shabat) pelo povo de Israel e os que se unem a ele no mundo todo. Não há motivo nenhum para quem se considera seguidor do Salvador se divorciar deste costume.

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